O pai do “Menino Maluquinho” foi desenhar lá no céu
08 abril 2024 às 10h01
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Qual “jovem” de sessenta, cinquenta ou quarenta anos tem não mantém vivo na saudosa memória, o personagem “Menino Maluquinho”? Um dos personagens mais emblemáticos criados pelo cartunista Ziraldo, ficou conhecido por suas características únicas e por representar a infância de uma maneira divertida e cativante. Inventor de jogos e aventuras, usando sua imaginação para transformar situações cotidianas em algo extraordinário, o personagem era icônico, solidário, travesso e desafiava as convenções e as regras pré-estabelecidas.
Mesmo diante de desafios e contratempos, o “Menino Maluquinho” sempre mantinha atitude otimista e disposição para enfrentar qualquer obstáculo que surgisse em seu caminho. Publicado pela primeira vez em 1980, foi considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro de todos os tempos. A resiliência do personagem é inspiradora e reflete a mensagem positiva transmitida por Ziraldo Alves Pinto, através de suas histórias.
O festejado autor brasileiro faleceu, infelizmente, por causas naturais, aos 91 anos, no sábado, 07/04/2024, em sua residência localizada na cidade do Rio de Janeiro. O renomado cartunista, desenhista, escritor e jornalista, nasceu em 24/10/1932 em Caratinga (MG), e se destacou por suas contribuições significativas para a cultura brasileira. Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando contava com apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”. Destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”, assim como periódico “O Cruzeiro”, publicando charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens “Jeremias – o Bom”, “Supermãe” e “Mineirinho”, como também, a revista em quadrinhos a “Turma do Pererê”.
A carreira de Ziraldo entrou em outro estágio a partir de 1969, quando fundou –juntamente com outros humoristas – o jornal semanal “O Pasquim”. Demonstrando coragem e determinação, as edições continham textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o “Graúna”, “os Fradins” ou “Ubaldo – o paranoico”, numa luta incansável pela democracia. Paralelamente, ele e seus parceiros, dentre outros colaboradores do jornal, como Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, sofriam com a censura imposta pelo regime militar.
O fato concreto é que seus desenhos e histórias capturaram a imaginação de gerações de leitores, e sua influência se estendeu para além da literatura infantil, alcançando também o jornalismo e a crítica social. A confirmação da morte do cartunista, deixa uma lacuna e uma perda significativa para a história literária do Brasil. Ziraldo foi embora mas o legado vivo e duradouro – através de suas obras e contribuições ímpares – vão continuar por aqui para sempre.