Oito patinhos-mergulhões, espécie ameaçada, nascem no Jalapão
07 agosto 2024 às 11h22
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Como um importante progresso para a conservação, oito filhotes de pato-mergulhão, uma espécie em perigo de extinção, nasceram no Rio Novo, localizado na região do Jalapão, no final do mês passado. Atualmente, existem menos de 200 animais da espécie na natureza, e a população no Rio Novo é estimada em 25 adultos. Entre 26 de junho e 1º de julho, pesquisadores percorreram os 145 km do Rio Novo e encontraram um ninho não registrado anteriormente, localizado em uma cavidade de árvore às margens do rio. Este é o único ninho conhecido para a temporada de 2024.
O ninho ativo foi descoberto em junho durante uma expedição colaborativa do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), da Fundação Pró-Natureza (Funatura), da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com apoio do Fundo Mohamed Bin Zayed de Espécies Ameaçadas dos Emirados Árabes Unidos, da Reserva Conservacionista Piracema, de Almas, e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), através do escritório local em Porto Alegre do Tocantins.
Dois estudantes de mestrado da UEMA, Janaína Silva e Franciel Lima, passaram a monitorar o ninho a partir de 30 de junho, coletando dados cruciais para entender o ciclo reprodutivo da espécie. Equipados com câmeras, binóculos e gravadores, registraram informações que serão incorporadas na dissertação de Janaína Silva, sob a orientação do Dr. Flávio Kulaif Ubaid.
Marcelo Barbosa, biólogo e inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, ressaltou que o trabalho colaborativo deste ano trouxe novos insights sobre a reprodução e sobrevivência dos filhotes. Barbosa e Paulo de Tarso Antas, da Funatura, acompanharam os mestrandos durante os primeiros dias de observação, que se estenderam até 30 de julho, quando os patinhos nasceram, renovando a esperança para a conservação da espécie.
“A formação de novos e jovens pesquisadores é uma das bases das ações de monitoramento e conservação do pato-mergulhão realizadas pelo Naturatins. Utilizando diversos equipamentos, como câmeras fotográficas, binóculos e gravadores digitais, foram coletados dados valiosos para entender a reprodução da espécie”, destacou Marcelo Barbosa.
Segundo o biólogo Paulo Antas, a cooperação entre instituições, moradores, turistas e proprietários nas áreas ao redor do Rio Novo é essencial para a conservação dessa espécie rara, que é símbolo das águas interiores brasileiras e uma das mais ameaçadas nas Américas e no mundo. “Pouco é conhecido ainda das interações dos patinhos nos primeiro dias de vida com o ambiente, dos desafios que precisam superar até chegar à fase em que adquirem a capacidade de voo e aumentam as suas chances de sobrevivência. Os dados coletados por Janaína e Franciel irão auxiliar no entendimento desses desafios, dando condições para o planejamento de ações capazes de aumentar o sucesso reprodutivo da espécie no Jalapão e com potencial para serem aplicadas nas outras populações remanescentes na natureza com o mesmo objetivo”, finalizou Marcelo Barbosa.
Os pesquisadores seguem acompanhando a família de patinhos, observando o comportamento e as interações dos pais com os filhotes nas semanas iniciais. Uma nova equipe assumirá as observações até setembro, quando será feito um novo censo ao longo do Rio Novo.