Polícia Civil conclui investigação sobre desvio de R$ 10 milhões em contrato da da antiga gestão do Tocantins

30 abril 2025 às 07h30

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A Polícia Civil do Tocantins concluiu a primeira fase da Operação Via Avaritia, que apura suspeitas de crimes contra a administração pública envolvendo um contrato firmado durante a gestão estadual anterior. A investigação, que integra a Operação Renorcrim, revelou um esquema que teria desviado mais de R$ 10,3 milhões destinados à manutenção de imóveis públicos.
Coordenada pela Divisão Especializada de Repressão à Corrupção (DECOR), a apuração começou em 2019 e identificou a atuação de 26 pessoas, entre elas o ex-governador Mauro Carlesse, quatro ex-secretários de Estado, sete servidores públicos e empresários. Os envolvidos são suspeitos de cometer fraude em licitação, lavagem de dinheiro, corrupção e integrar organização criminosa.
Segundo os investigadores, o grupo criou empresas de fachada para ocultar o desvio de recursos, que retornavam aos próprios investigados. O esquema teve ramificações em outros estados, como o Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina, indicando articulação interestadual.
A Polícia também identificou tentativas de obstrução das investigações. Houve mobilização de estruturas do governo e cooptação de agentes públicos com o objetivo de dificultar a ação policial — fatos que já haviam sido alvo da Operação Éris, da Polícia Federal.
Recomendações ignoradas
A apuração mostrou ainda que o grupo ignorou recomendações do Tribunal de Contas do Estado (TCE/TO) e continuou autorizando pagamentos, mesmo após o início da operação. Um dos episódios destacados foi a liberação de valores para beneficiar interesses pessoais, como o pagamento de curso universitário em instituição particular.
Outro ponto levantado foi o uso do Grupo Executivo para Gestão e Equilíbrio do Gasto Público para liberar recursos em favor do esquema, contrariando a finalidade do órgão. A fraude teria ocorrido desde a licitação até a execução do contrato, incluindo superfaturamento e movimentações financeiras suspeitas.
A Polícia Civil informou que o grupo já articulava uma nova adesão a ata de preços com valor estimado em R$ 2 bilhões, o que foi interrompido pela atuação da corporação.
O inquérito será encaminhado ao Poder Judiciário, que deverá avaliar as medidas cabíveis.