O governo interino do Tocantins, sob gestão de Laurez Moreira (PSD), destacou nesta terça-feira, 4, que a nota divulgada pelo diretório estadual do Republicanos no Tocantins aponta indícios de desequilíbrio e descontrole das contas públicas durante o governo Wanderlei Barbosa (Republicanos). Segundo o texto, ex-gestores de áreas estratégicas, como Saúde e Administração, demonstraram não ter conhecimento da real dimensão da dívida acumulada, que somada ultrapassa R$ 1 bilhão.

“Que governo foi esse que não sabia quanto devia? Que contratava sem orçamento e sem lastro financeiro? Que não tinha qualquer controle sobre a execução dos serviços contratados?”, questionou o secretário de Planejamento e Orçamento do Estado, Ronaldo Dimas.

De acordo com os dados apresentados, o déficit de R$ 580 milhões na Secretaria de Saúde evidencia uma gestão marcada pelo aumento expressivo dos gastos. As despesas correntes da pasta dobraram entre 2021 e a projeção para 2025, passando de R$ 871.990.844,00 para R$ 1.634.887.749,00. No mesmo período, o número de internações cresceu 21%. O comparativo, segundo o documento, demonstra descompasso entre o crescimento do custo da saúde e a ampliação da demanda atendida.

O relatório também menciona que, à medida que os gastos aumentavam, as dívidas se acumulavam. Técnicos da Secretaria do Planejamento informaram que, durante o governo Wanderlei, a saúde encerrava o ano com débitos equivalentes a dois ou três meses de orçamento. “Assumimos a gestão da saúde com prestadores de serviço que estavam há mais de seis meses sem receber, num absoluto descontrole dos gastos da saúde. Dívidas que vinham se acumulando de ano a ano e criou-se uma bola de neve que estava levando a saúde do Tocantins à falência”, explicou o secretário da Saúde, Vânio Rodrigues de Souza.

As contas do Servir também foram citadas como exemplo do desequilíbrio financeiro. Conforme os dados, o governo estadual precisa repassar cerca de R$ 35 milhões mensais além do valor previsto como contribuição patronal, o que representa um impacto anual próximo de R$ 420 milhões.

“O governo Wanderlei foi uma fábrica de crise para o Tocantins. Basta ver o quanto se gastou com a saúde e o péssimo serviço que era prestado para a população. Aí vem a pergunta: para onde foi esse dinheiro?”, afirmou o secretário de Planejamento, Ronaldo Dimas.

Para apurar as irregularidades mencionadas, será realizada uma auditoria nas contas da Saúde, com o apoio da Controladoria-Geral do Estado, do Tribunal de Contas, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Tocantins. O objetivo é identificar as causas das discrepâncias apontadas nos gastos da pasta.

A nota também menciona investigações em andamento pela Polícia Federal envolvendo ex-integrantes do governo Wanderlei Barbosa. Entre elas, está o caso das cestas básicas, no qual, segundo a PF, cerca de R$ 78 milhões em recursos destinados à compra de alimentos durante a pandemia teriam sido desviados. O episódio levou ao afastamento de Wanderlei do cargo e inclui investigações sobre a participação de seus familiares.

O texto ainda cita o caso mais recente, que resultou na prisão do ex-secretário executivo da Educação, Edinho Fernandes, na semana passada, sexta-feira, 31. Ele é suspeito de envolvimento em um esquema de desvio da educação estadual, por meio de emendas parlamentares. 

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