Por Redação

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Celebração da democracia: a paixão do brasileiro por eleições

No Brasil, a paixão pelas eleições é evidente. A participação eleitoral tem se mantido consistentemente alta, com mais de 80% dos eleitores comparecendo às urnas nas últimas três décadas

Herman Gomes: “conseguimos melhorar a autoestima da população de Arraias”

Na entrevista desta semana, o prefeito de Arraias destacou avanços na educação e saúde, além da importância da proximidade estratégica do município com Brasília para acesso a recursos federais

O susto da alta do dólar

Juros estadunidenses estáveis, desvalorização do real e tensão entre governo e BC

O exemplo francês: como o Brasil e o mundo deveriam reagir ao avanço da extrema-direita

Apesar da pressão ultra-conservadora, diversos setores da sociedade francesa se mostram articulados para criação de “cordão sanitário”

As lições de Leonel Brizola sobre a política e a função do Estado

*Henrique Araújo de S. Zukowski

Leonel Brizola foi fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e governador dos estados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, e apresentou ao Brasil uma política diferente, focada em garantir dignidade às populações marginalizadas. Por se tratar de ideal antagônico aos interesses das elites, visto que subvertia a estrutura social posta, este, até hoje, enfrenta ferrenha oposição.

O político nos direciona no sentido da necessidade de romper com o status quo do estado patrimonialista, que, segundo o antropólogo Bernardo Sorj, é utilizado como ferramenta de coação e domínio, caracterizando-se como um “sistema repressivo e jurídico, sendo um instrumento de violência contra os grupos mais pobres e de impunidade dos mais ricos”.

Nesse sentido, para o Pedetista, o Estado deveria cumprir sua função social sem distinções, e as políticas públicas deveriam ter por vislumbre a garantia do bem-estar social da população e a mitigação do panorama de desigualdade que nos constrange.

Desse modo, não é papel do Estado figurar como mecanismo de dominação de uma classe por outra, apesar da história da institucionalização brasileira demonstrar tratar-se de prática recorrente. Por outro lado, cabe ao aparelho estatal permitir ao povo a fruição da vida de forma equitativa, sobretudo com dignidade.

A constante confusão entre o público e o privado, gênese do coronelismo e outras formas arcaicas de exercício do poder, deve ser superada.

Assim como feito por Brizola, é necessário ousar na ampliação do acesso aos bens de consumo coletivos. Ou seja, importa garantir que os serviços públicos alcancem as populações mais fragilizadas, sendo dever do Estado possibilitar um horizonte com melhores perspectivas.

O ônus de empunhar uma bandeira revolucionária como esta, que desagrada uma fração privilegiada da sociedade, é ser empurrado para o ostracismo, como ocorreu com o gaúcho radicado no Rio de Janeiro. Custam reconhecer o quão visionário foi Leonel Brizola ao investir naqueles outrora escanteados pelo Poder Público.

As boas ideias desse grande estadista brasileiro devem ecoar e influenciar os gestores públicos e a classe política a sopesar, no momento da formulação das politicas públicas, as demandas dos grupos historicamente marginalizados.

*Advogado, especialista em direito eleitoral e direito constitucional pela PUC Minas e pós-graduando em Gestão Pública e Sustentabilidade pela USP.

Opinião
A abundante falta de ética no legislativo

Bonny Fonseca

Denúncias contra parlamentares aumentaram no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Na legislatura atual, que engloba 2023 e 2024, são 34 representações com instauração de procedimento disciplinar para investigar quebra de decoro parlamentar. O número é maior do que em três legislaturas juntas (2007 à 2019). Houve um aumento de 200% das denúncias em relação ao período entre 2011 e 2015. 

Esse é o retrato da baixa qualidade do parlamento que foi eleito em 2022. Grande parte da confusão armada nas comissões e também no plenário da Câmara dos Deputados é estrelada com uma atuação de péssima qualidade da extrema-direita que atuam mais com influencer para garantir cortes para as redes sociais do que exercer sua função parlamentar. O bem público ficou em último plano.

O número de processos abertos nesta legislatura, que compreende os anos de 2023 até 2026 já é maior do que em outros anos. Na legislatura anterior, houveram 60 representações contra a ética de deputados, sendo que não houve denúncia em 2020. O número é maior do que a soma das três legislaturas anteriores: 2015 – 2019 (28 representações), 2011 – 2015 (20 representações), 2007 – 2011 (10 representações).

Cenas de desrespeito ao parlamento e a função do legislador se espalham pelo país. Em Goiânia, na Assembleia Legislativa de Goiás, deputados passaram mais de dois meses discutindo a guerra entre Israel e Hamas, aos gritos e ofensas. No legislativo municipal, os vereadores barganham a aprovação de projetos com diversas áreas do setor produtivo. O interesse pessoal e o lucro, acima de tudo, tem imperado nos legisladores Brasil a fora.

É errado generalizar e colocar tudo em um balaio só, existem pessoas que tentam fazer o que é certo acontecer e prevalecer, mas uma andorinha só não faz verão. É fundamental saber em quem estamos votando e também cobrar os vereadores, deputados e senadores que elegemos. Em outubro deste ano  preste muita atenção.

Esquerda definha, enquanto vê avanço global da extrema-direita

Direita, que tem o conservadorismo e o negacionismo como pontos chave, ofusca as pautas da esquerda voltadas as mulheres e as pessoas LGBTQIAPN+

Juarez Moreira é removido do gabinete de Dorinha após exposição; “uma família cuidando da outra”, ironiza Pisoni

"Adversário político não é inimigo, mas no caso deles, parecem compadres e comadres", afirma Pisoni sobre acordos políticos entre pré-candidatos.

Janad Valcari: “formamos o grupo político mais coeso e temos o melhor projeto para governar Palmas”

Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção Tocantins, a deputada e pré-candidata à Prefeitura de Palmas discutiu seu histórico como parlamentar em duas Casas Legislativas, projetos apresentados, a representatividade feminina, e as soluções para os problemas da capital que pretende implementar caso seja eleita nas próximas eleições

O que mais temos que ver sobre a melhora no índice de alfabetização no Estado do Tocantins?

José Lauro Martins*

Os dados sobre a alfabetização do Censo Demográfico-2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresenta uma queda na taxa de analfabetismo entre os tocantinenses foram divulgados. Não vamos aos números absolutos, porque podem servir muito mais para confundir do que para informar. O que nos interessa é a taxa de alfabetização de 90,9% e a taxa de analfabetismo de 9,1%. A taxa de analfabetismo no Brasil encontra-se em 7,0%, ou seja, o Tocantins está 2,1% acima. 

A pergunta que o leitor deve fazer é: isso é muito? É pouco? Estamos bem assim? Afinal, o que significa essa taxa de analfabetismo? Vamos lá. Primeiro, vamos observar que em 2010 a taxa de analfabetismo era 13,1%, então significa que tivemos um recuo de 4% na taxa de analfabetismo, isso é muito bom. Significa que as políticas de enfrentamento ao analfabetismo estão dando certo. Essa afirmação pode parecer otimista demais, pode ser. A que se lembrar ainda tivemos uma pandemia nesse meio que impactou severamente na educação.

Chamo a atenção para três variáveis que precisamos ficar atentos quando se trata de entender a taxa de analfabetismo. Uma das variáveis importantes é a taxa de crescimento demográfico. Se a taxa de crescimento demográfico for maior que a taxa de analfabetismo significa que estamos perdendo o jogo, ou seja, no próximo Censo Demográfico teríamos uma taxa mais analfabetos, enquanto o esperado é que tenhamos menos analfabetos.

Outra variável é a taxa de escolarização na idade certa. É uma variável importante porque quanto mais um estudante que fica para trás, aumenta a chance de ele abandonar o sistema de ensino. Porém, é uma questão bastante complexa porque as razões que levam um estudante a abandonar a escola são diversas. Pode ser o desalento com uma escola ruim, a dificuldade econômica dos pais, pode ser a distância que uma criança está da escola mais próxima, às vezes a fome faz os pais manter uma criança manter-se na escola por causa da alimentação escolar, ou para que a mãe possa trabalhar enquanto a criança é assistida na escola. Ou seja, a questão da evasão escolar é um fenômeno muito complexo e mais difícil de resolver do que dispor as vagas para todos sejam atendidos.

Mais uma variável a ser considerada é a taxa de analfabetismo funcional, e falamos pouco disso. Trata-se da qualidade do ensino, ou seja, se perguntamos para uma pessoa se sabe ler e escrever ela pode responder que ‘sim’, nesse caso ela está estatisticamente entre os alfabetizados. Se a mesma pessoa lê mais não entende, há uma grande chance de ela estar entre os analfabetos funcionais. O que mais interessa é que todos, além de alfabetizados, possam ler e compreender pela vida fora. São muitos os casos de pessoas com o ensino fundamental ou até mesmo com o ensino médio completo que se avaliados corretamente, vê-se-ia que são analfabetos funcionais.  Os dados divulgados pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa, apontam que 38% dos universitários brasileiros são considerados analfabetos funcionais.

Há que entender também que uma pessoa analfabeta ou analfabeta funcional na idade adulta é muito mais difícil dela retornar ao sistema de ensino. A chance dessa pessoa manter-se por toda vida como analfabeta é bem grande, por mais que os governos invistam em política para alfabetização de adultos. A taxa de analfabetismo funcional da população brasileira de 15 a 64 anos é próxima de 30%.

Essa é uma questão que incomoda também em outros países, um estudo da Universidade de Hamburgo em 2019 identificou que 12% dos cidadãos alemães entre 18 e 64 anos são analfabetos funcionais.

Um fator a lembrar é que a alfabetização na idade certa está prioritariamente nas mãos das prefeituras, pois o ensino fundamental é prioritariamente uma responsabilidade dos municípios. Claro que o Governo Federal também tem responsabilidade, mas quem administra o dia a dia da educação infantil e do ensino fundamental são os secretários de educação dos municípios. E aí dá um certo desgosto… Pois o que vemos em muitos municípios não oferece um serviço de educação digno a população que escolheu seu prefeito acreditando que faria uma boa gestão na educação e “dá com os burros n’água”. Podemos dizer que se a gestão municipal é ruim na área da educação, o Governo Federal fica de mãos atadas. Mas, se melhoramos o índice de alfabetização no Estado do Tocantins, é resultado da atuação dos governos municipais!

* Filósofo, doutor em educação, professor no Curso de Jornalismo e no Programa de Mestrado de Ensino em Ciências e Saúde da Universidade Federal do Tocantins.