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As falsas ilusões da segurança e do poder são fatais

Por: Pedro Moura

Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foi assassinada de forma brutal em ação que pode ter contado com a atuação do ex-namorado e de faccionados. Caso a suspeita se confirme, fica escancarada a falsa ilusão da segurança e do poder que jovens buscam ao se relacionar com pessoas de alta periculosidade. 

Caso as investigações da Polícia Civil paulista reúnam indícios suficientes para comprovar a autoria do feminicídio praticado contra a adolescente, Vitória entrará na vasta lista de mulheres executadas de forma covarde por integrantes do chamado “tribunal do crime” por suposta infidelidade contra um membro da organização que geralmente exerce alguma função de destaque no grupo.

Influenciadas pelo meio, geralmente com contato com a violência e tráfico de drogas, adolescentes e mulheres de periferias acabam se relacionamento amorosamente com faccionados devido a sensação de liberdade, poder e segurança. Infelizmente, essa ilusão pode e deve ser fatal.

Essas mulheres podem ser submetidas a vivências como a gravidez prematura e a violência doméstica, comum no mundo do crime. Para muitas mulheres, acordar cedo para visitar o companheiro encarcerado e levar a “cobal” (alimentos e produtos de higiene básica) a quilômetros de distância estando grávida ou com crianças de colo é algo comum.

A falta de apoio familiar e, principalmente programas governamentais, reforçam ainda mais o ambiente precário e de violência a que essas vítimas são submetidas.  É necessário orientação, políticas públicas mais eficientes e, claro, educação de todas as formas, inclusive sexual. 

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A ‘Substância’ da vida real: a pedra do etarismo no caminho das mulheres

Não importa a bagagem profissional e de conhecimento consolidado por aquela mulher, a experiência e os resultados entregues, os números apontam que ela, no final, será tratada e resumida a isso mesmo: um número

O aumento das ondas de calor, as mudanças climáticas e a concentração de renda

Bonny Fonseca

Estudos indicam que o número de dias com ondas de calor no Brasil aumentou significativamente nos últimos 60 anos. Entre 1961 e 1990, registrava-se uma média de sete dias por ano com temperaturas extremas, enquanto no período de 2011 a 2020 esse número subiu para 52 dias. Outra pesquisa recente confirma essa tendência, apontando um crescimento progressivo na quantidade e intensidade das ondas de calor na região central da América do Sul. Em 2023, o Brasil enfrentou nove episódios, seguido de oito em 2024, e já nos dois primeiros meses de 2025, foram contabilizados três eventos, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A pesquisadora Renata Libonati, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca que o calor é um desastre frequentemente negligenciado no Brasil e em outras regiões tropicais. Segundo ela, ao contrário de deslizamentos de terra e inundações, que possuem um impacto visual imediato, as ondas de calor não são percebidas como um desastre, apesar de seus efeitos devastadores na saúde pública. Libonati também alerta para a falsa crença de que habitantes de regiões tropicais estão acostumados ao calor e, portanto, imunes a seus efeitos adversos. Ela enfatiza a necessidade de ampliar a conscientização sobre os riscos associados a esse fenômeno.

A Europa começou a tratar o tema com mais seriedade a partir de 2003, quando uma onda de calor causou aproximadamente 70 mil mortes. Desde então, países europeus implementaram protocolos de enfrentamento, adaptações urbanas, medidas preventivas e alertas para a população. Em contrapartida, o Brasil ainda está atrasado na adoção de estratégias de mitigação, mesmo diante do impacto significativo das ondas de calor em termos de mortalidade e internações hospitalares.

Libonati é coautora de um estudo que analisou a relação entre ondas de calor e mortalidade em 14 das principais regiões metropolitanas do Brasil entre 2000 e 2018, abrangendo 35% da população do país. A pesquisa examinou mais de sete milhões de óbitos e identificou as principais causas de morte associadas às altas temperaturas, bem como os grupos mais vulneráveis.

O pesquisador Djacinto dos Santos, primeiro autor do estudo, explica que foram atribuídas aproximadamente 48 mil mortes à exposição prolongada ao calor excessivo nesse período. No entanto, esses óbitos não são oficialmente classificados como relacionados ao calor, pois as mortes geralmente decorrem de doenças cardiovasculares, respiratórias, renais e outras condições preexistentes agravadas pelo calor intenso. O número de mortes associadas às ondas de calor é 20 vezes maior do que o de óbitos causados por deslizamentos de terra no mesmo período.

A subnotificação é um dos grandes desafios quando se trata das ondas de calor como emergência de saúde pública. O sistema de saúde brasileiro possui um código internacional de doença (CID) específico para calor excessivo (X30 – Exposição a calor natural excessivo), mas apenas 50 óbitos foram oficialmente registrados com essa classificação em todo o país.

As consequências das altas temperaturas prolongadas incluem o agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias, além do aumento de casos de câncer de pele, doenças do sistema nervoso e geniturinário, transtornos mentais e metabólicos. Há também um risco maior de nascimentos prematuros. Além disso, a exposição prolongada ao calor pode levar à exaustão térmica, insolação, desidratação e queimaduras. Há ainda uma relação entre calor extremo e aumento da irritabilidade, o que pode resultar em maior incidência de acidentes de trânsito e violência.

Vulnerabilidade socioeconômica

O estudo também revelou que certos grupos populacionais são mais vulneráveis aos impactos das ondas de calor. Mulheres, idosos, pessoas negras e pardas, e aqueles com baixa escolaridade foram os mais afetados. Segundo Libonati, a maior vulnerabilidade desses grupos não se deve a fatores fisiológicos, mas sim a determinantes socioeconômicos.

Djacinto dos Santos destaca que, embora as ondas de calor atinjam todas as regiões do Brasil, seus impactos não são distribuídos de maneira equitativa. A capacidade de adaptação desempenha um papel crucial na proteção contra as temperaturas extremas.

Fatores como acesso a ar-condicionado, infraestrutura urbana adequada, áreas arborizadas e ventilação adequada são determinantes para mitigar os impactos das ondas de calor. Regiões marginalizadas, que possuem menos vegetação e condições precárias de habitação, sofrem mais com as temperaturas elevadas. Além disso, trabalhadores expostos ao ar livre, como garis e operários da construção civil, bem como aqueles que passam longas horas em transportes públicos sem climatização, estão entre os mais vulneráveis.

O reconhecimento das ondas de calor como um desastre climático e a adoção de medidas preventivas são essenciais para minimizar seus impactos na saúde pública e na sociedade como um todo.