Em apenas quinze dias de mandato, o prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos) já deixou claro que o estilo de governar será muito diferente daquele adotado pela sua antecessora, Cinthia Ribeiro (PSDB). A ex-prefeita ficou marcada pela distância da população, uma líder que governava do gabinete, cercada por uma equipe que aparentava ser fiel, mas que raramente ousava discordar de suas ideias. Essa forma de gestão parecia blindá-la das críticas populares, mas também a afastava do dia a dia da cidade e das reais necessidades dos palmenses.

Eduardo, por outro lado, está trazendo para a capital um modelo de gestão que resgata o corpo-a-corpo com a população, um movimento que lembra os primeiros anos do governo Carlos Amastha (PSB). Nos poucos dias em que assumiu a administração da capital, ele já foi visto comendo em restaurantes populares, visitando casas, indo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), ajudando no asfaltamento de ruas, em zeladorias de praças e circulando em feiras. Essas ações podem, para alguns, parecer uma jogada de marketing ou até mesmo demagogia, mas é inegável que o contato direto com o povo cria uma percepção de que há, finalmente, alguém por trás das decisões do município, agindo de maneira mais próxima e atenta às demandas cotidianas.

O grande legado de Cinthia Ribeiro, sem dúvidas, foi a atenção dedicada aos servidores públicos. Durante seu mandato, muitos benefícios foram direcionados a essa classe, o que a tornava popular dentro das repartições, mas distante das ruas. Essa proximidade com os servidores também criava um ambiente de isolamento, onde poucas vozes externas conseguiam penetrar, reforçando a imagem de uma prefeita desconectada da população geral.

Aparentemente, o mais próximo que Cinthia chegava de falar com muitas pessoas era através de suas postagens no X (antigo Twitter). Contudo, essa tentativa de diálogo virtual frequentemente gerava críticas, especialmente devido ao hábito da ex-prefeita de bloquear inúmeros usuários, incluindo jornalistas e cidadãos que a criticavam. Além disso, o acesso da imprensa à ex-gestora parecia ser filtrado por um critério pessoal do que ela considerava necessário divulgar, resultando em uma comunicação restrita a simpatizantes. 

Em contrapartida, Eduardo Siqueira Campos adota um estilo completamente diferente: ele fala abertamente com jornalistas, opositores e até com aliados de sua adversária, Janad Valcari (PL). Ele consegue conceder uma entrevista de meia-hora entre reuniões e solenidades. Esse comportamento mais acessível tem contribuído para a percepção de uma gestão mais aberta e conectada com a população e os diversos setores da cidade.

Cinthia Ribeiro e Eduardo Siqueira, durante cerimônia de diplomação de Eduardo | Foto: Redes Sociais

Também é preciso considerar o peso do sobrenome que carrega o DNA político do Tocantins. Ele aprendeu com seu pai, José Wilson Siqueira Campos, que a proximidade com as pessoas não é apenas uma questão de carisma, mas uma ferramenta poderosa para construir apoio político e viabilizar projetos de impacto. Essa habilidade o coloca em vantagem, especialmente em um momento em que a cidade precisa de gestores que saibam não apenas operar políticas públicas, mas também dialogar com políticos e cidadãos, agregando diferentes setores ao governo.

Ainda é cedo para avaliar o impacto prático desse estilo de governar, mas Eduardo já deu os primeiros passos para criar uma identidade política própria, marcada pela presença constante ao lado do povo. Se conseguirá transformar esse simbolismo em resultados concretos, só o tempo dirá. O que é certo, no entanto, é que a cidade já percebe uma mudança de tom e postura, algo que pode ser decisivo para reconquistar a confiança de uma cidade que, por anos, se sentiu governada à distância.