O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se manifestou nesta segunda-feira, 7, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por meio de publicação na rede Truth Social. Réu no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro responde por suposta participação em uma trama golpista e encontra-se inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Após as declarações de Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu afirmando que o Brasil é um “país soberano” e que “não aceita interferência”.

“O Brasil está fazendo uma coisa terrível em seu tratamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo. Eu conheci Jair Bolsonaro, e ele foi um líder forte, que realmente amava seu país – também, um negociador muito duro em comércio”, escreveu Trump.

Bolsonaro é acusado de:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

O julgamento da ação penal no STF pode ocorrer entre agosto e setembro, período estimado para o encerramento do prazo das alegações finais das defesas. O ministro Alexandre de Moraes concedeu 15 dias para que os advogados dos oito réus – entre eles Bolsonaro – se manifestem.

Ainda na publicação, o presidente dos EUA classificou a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou Bolsonaro, como “muito apertada” e afirmou que “Bolsonaro está liderando nas pesquisas”.

Trump disse ainda que Bolsonaro estaria sendo alvo de perseguição por parte da Justiça brasileira e traçou um paralelo com a sua própria experiência política.

“Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político – algo que eu sei muito sobre! Aconteceu comigo, e agora nosso país é o ‘mais quente’ do mundo! O Grande Povo do Brasil não vai tolerar o que eles estão fazendo com seu ex-presidente”, escreveu.

Comparação

O republicano comparou o caso do ex-presidente brasileiro à situação do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e classificou o julgamento de Bolsonaro no STF como uma “caça às bruxas”.

“Estarei assistindo à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil – chama-se eleição. Deixem Bolsonaro em paz”, concluiu Trump.

Trump intensifica atrito com Alexandre de Moraes

As declarações ocorrem em um contexto de atrito entre o governo norte-americano e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF.

No dia 6 de junho, a empresa Trump Media, em parceria com a plataforma Rumble, expediu nova citação judicial contra Moraes. O documento acusa o ministro de perseguição política a opositores do presidente Lula, mencionando especificamente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Allan dos Santos.

Moraes também é alvo de críticas de parlamentares dos Estados Unidos, que o acusam de censura devido a decisões judiciais envolvendo plataformas e cidadãos norte-americanos. As críticas se intensificaram após a suspensão da rede social X no Brasil, determinada por Moraes em 2024, por descumprimento de ordens judiciais.

A ação contra Moraes nos EUA foi apresentada pela Rumble em parceria com a Trump Media. Em 21 de maio, o senador Marco Rubio afirmou que há “grande possibilidade” de o ministro brasileiro ser alvo de sanções com base na Lei Global Magnitsky.

Segundo os autores da ação, as decisões judiciais atribuídas a Moraes têm atingido “autoridades eleitas, jornalistas, juristas, artistas e cidadãos privados”. Afirmam ainda que a “grande maioria desses alvos são críticos do presidente Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva, do ministro Moraes ou de instituições brasileiras sob sua influência”.

Conforme a legislação processual federal dos Estados Unidos, Moraes tem 21 dias para responder formalmente à nova citação ou apresentar petição contestando a ação.