Há um mês preso, relembre investigações contra ex-governador Mauro Carlesse

16 janeiro 2025 às 09h52

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Nesta quarta-feira, 15, completou um mês da prisão preventiva do ex-governador Mauro Carlesse (Agir), detido desde 15 de dezembro de 2024, em sua Fazenda Joia Rara, localizada em São Salvador, no Tocantins. A prisão foi decretada pela 3ª Vara Criminal de Palmas após indícios de um suposto plano de fuga para o exterior, revelado por investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPTO). O ex-governador segue preso no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Tocantins, em Palmas. Durante o período, Carlesse teve pelo menos sete pedidos de habeas corpus negados pela Justiça.
Entre as acusações que pesam contra ele estão suspeitas de desvios de recursos públicos, fraudes licitatórias e organização criminosa, além da suposta tentativa de fuga, que envolvia o Uruguai e a Itália como possíveis destinos. A prisão preventiva também se estende a seu sobrinho e ex-secretário de Parcerias e Investimentos, Claudinei Quaresemin, apontado como articulador do plano.
Carlesse foi preso após investigações apontarem que ele planejava deixar o país para evitar responder às acusações que enfrenta. Documentos apresentados pelo Gaeco revelaram que o ex-governador já possuía uma identidade uruguaia emitida em abril de 2024, além de residência permanente no Uruguai. No mesmo período, ele também teria declarado residência na Itália, no vilarejo de Pieve Caina, com um contrato de aluguel de uma casa por 1.500 euros por mês.
Claudinei Quaresemin: peça-chave nas investigações
Claudinei Quaresemin, sobrinho do ex-governador Mauro Carlesse e ex-secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins, desempenha um papel central nas investigações que culminaram na prisão do tio. Apontado como articulador de esquemas de corrupção durante a gestão de Carlesse, Quaresemin também é acusado de facilitar o suposto plano de fuga internacional do ex-governador. Entre as evidências estão documentos que ele teria providenciado, incluindo identidade uruguaia e residência fixa no Uruguai para ambos. Além disso, Quaresemin já havia sido preso em dezembro de 2024, durante a Operação Overclean, que investigou fraudes em licitações e desvio de recursos públicos em contratos milionários no estado. Sua relação próxima com Carlesse reforça a complexidade das acusações e a profundidade do esquema investigado.
Sete pedidos de habeas corpus negados
Desde sua prisão, Mauro Carlesse enfrentou sete negativas de habeas corpus, sendo o último pouco antes do Natal. Entre as justificativas, os juízes destacaram os indícios robustos de um plano de fuga e a gravidade das acusações contra o ex-governador. Em uma das decisões, o desembargador João Rigo Guimarães afirmou que “os autos demonstram sofisticada articulação para potencial evasão do país”. A defesa do ex-governador, liderada por Valdecir Junior, classificou as decisões como “descabidas” e segue recorrendo.
Investigações em curso
Carlesse é alvo de pelo menos cinco investigações em andamento. Entre as mais emblemáticas estão as operações Hygea e Éris, que apuram supostos esquemas de propina envolvendo o plano de saúde dos servidores públicos do Tocantins e interferências políticas na Polícia Civil durante sua gestão como governador, entre 2018 e 2021.
Outro ponto central é a Operação Overclean, que envolve seu sobrinho Claudinei Quaresemin. A investigação revelou desvios de mais de R$59 milhões em contratos fraudulentos com empresas prestadoras de serviços. Quaresemin é acusado de intermediar licitações fraudulentas e de planejar, junto com Carlesse, o envio de recursos para o exterior.
O impacto político e as perspectivas
Carlesse foi afastado do cargo de governador em 2021 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sob acusações de corrupção. Sua gestão foi marcada por denúncias de desvio de recursos e fraudes. Com as investigações em andamento, o futuro do ex-governador segue incerto, enquanto a defesa insiste em argumentar que a prisão é desnecessária e desproporcional.
Em sua primeira manifestação pública, que se tornou texto oficial de sua defesa, Carlesse apenas reitera que acha a prisão desproporcional e que ainda não teve acesso aos autos do processo: “Não sei o que aconteceu. Dizem que eu ia fugir do país ou coisa parecida. Ainda não tenho acesso aos autos, e vou me inteirar para poder me defender”. Apesar das alegações, os documentos e conversas apresentadas pelo Gaeco reforçam os indícios de tentativa de evasão e a necessidade da prisão preventiva, segundo a Justiça.