Um levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio do estudo Demografia Médica no Brasil, mostra que o país quase dobrou o número de médicos nos últimos 14 anos, saindo de 304 mil, em 2010, para aproximadamente 576 mil, em 2024. No Tocantins, o crescimento também foi considerável, passando de cerca de 2,5 mil profissionais em 2010 para 4,3 mil médicos registrados atualmente, um crescimento de 72%. No entanto, apesar do aumento, a distribuição desigual dos médicos permanece um desafio para o estado.

O estudo revela que, enquanto a capital Palmas concentra uma grande parte dos profissionais de saúde, municípios do interior ainda sofrem com a escassez de médicos. Esta é uma questão que reflete um problema nacional, onde 77% da população do Brasil vivem em cidades do interior, mas apenas 48% dos médicos estão nessas localidades.

Em termos de densidade, o Tocantins possui, atualmente, cerca de 2,7 médicos por mil habitantes. Embora a média tenha melhorado nos últimos anos, o índice é inferior à média nacional de 3,07 médicos por mil habitantes. Estados vizinhos, como Pará (1,4) e Maranhão (1,3), apresentam um cenário ainda mais desafiador, enquanto a média em estados mais desenvolvidos, como São Paulo (3,7) e Rio de Janeiro (4,3), é significativamente maior.

Distribuição desigual

A concentração dos profissionais em Palmas segue o padrão nacional, onde as capitais concentram 52% dos médicos, mas abrigam apenas 23% da população. Isso gera um descompasso entre a oferta e a demanda de serviços de saúde, especialmente em regiões distantes da capital e em municípios de difícil acesso no Tocantins.

O presidente do CFM, José Hiran Gallo, destacou que os dados refletem a necessidade urgente de políticas públicas para redistribuir melhor os médicos pelo território nacional, minimizando desigualdades regionais no acesso à saúde. Ele também enfatizou a importância de programas de formação direcionados às necessidades específicas de cada região.

Perspectivas e desafios no Tocantins

Para combater essa desigualdade, o CFM sugere incentivos que atraiam e fixem médicos em áreas carentes. Contudo, a solução passa não apenas pela presença física dos profissionais, mas também pela criação de infraestrutura adequada e políticas públicas que ofereçam segurança e condições de trabalho atraentes.

O Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM-TO) tem papel essencial nesse cenário, coordenando estratégias e dialogando com o poder público para reduzir a escassez de profissionais no interior do estado.