Relatório nacional inclui Tocantins entre os estados com casos de violência contra jornalistas em 2024

21 maio 2025 às 08h02

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O número de agressões contra profissionais da imprensa no Brasil caiu em 2024, mas ainda preocupa. É o que mostra o novo relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), divulgado nesta terça-feira (20). Foram registrados 144 casos ao longo do ano, uma redução de 20,44% em comparação com 2023, que teve 181 episódios.
Apesar da queda, a Fenaj avalia que a violência contra jornalistas ainda está em um nível elevado. Em audiência na Câmara dos Deputados, a presidente da entidade, Samira de Castro, lembrou que os números atuais ainda são maiores do que os de 2018, quando houve 135 casos. Segundo ela, a situação se agravou a partir de 2019, com o aumento de ataques e descredibilização da imprensa por parte de autoridades e lideranças políticas.
Tocantins tem três casos em 2024
No Tocantins, o relatório aponta três casos de violência contra jornalistas. Embora o número não esteja entre os maiores do país, reforça a presença desse tipo de agressão também em estados com menor população. No Norte do Brasil, o Tocantins ficou atrás apenas do Amazonas (8 casos) e do Pará (6).
A Região Norte, que em 2023 havia sido a menos violenta para jornalistas, teve aumento nos registros, passando de 19 para 22. Já o Sudeste continua liderando com 38 ocorrências.
Formas de violência
Entre os tipos mais recorrentes, o relatório destaca o aumento do assédio judicial, com 23 registros em 2024, o que representa 15,97% do total. A Fenaj explica que o termo substitui o antigo “cerceamento judicial” para deixar claro o caráter abusivo e recorrente das ações, muitas vezes movidas por políticos e empresários com o objetivo de intimidar e censurar.
Outro dado relevante é o crescimento de 120% nos casos de censura, que saltaram de cinco para 11 no último ano. A maioria dos episódios teve origem em decisões judiciais ou em pressões vindas de agentes públicos.
As agressões físicas diminuíram de 40 para 30 casos, enquanto ameaças e intimidações se mantiveram estáveis, com 35 ocorrências. O relatório também registra tentativas de homicídio e ataques com arma de fogo.
Eleições e violência
O período eleitoral de 2024 concentrou o maior número de ataques, com 38,9% dos casos ocorrendo entre maio e outubro. Julho foi o mês com mais registros. A Fenaj relaciona o aumento à disseminação de discursos de ódio, em especial por grupos de extrema direita.
Agressores
A maior parte das agressões partiu de políticos, com 48 casos relacionados a esse grupo. Também foram registrados episódios envolvendo servidores públicos, correligionários e manifestantes.
Mulheres jornalistas não foram maioria entre as vítimas, mas enfrentam um tipo específico de violência: os ataques misóginos. São comuns os insultos, as ameaças simbólicas e tentativas de desqualificação profissional. Em 2024, foram 47 vítimas do sexo feminino e 81 do sexo masculino. Outros 26 casos envolveram equipes inteiras ou ataques sem definição clara do alvo.
A Fenaj conclui o relatório destacando que, embora os números tenham diminuído, a violência contra jornalistas segue sendo uma ameaça à liberdade de imprensa no Brasil. A entidade defende mais segurança para os profissionais, valorização salarial e ações efetivas contra discursos de ódio, especialmente com a proximidade das eleições de 2026.