Neste sábado, 8, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins (Sindjor) emitiu uma nota pública manifestando preocupação com o aumento de casos de constrangimento e intimidação sofridos por profissionais de imprensa no estado. A entidade destacou o papel essencial do jornalismo na garantia do Estado Democrático de Direito e alertou sobre tentativas de descredibilizar o trabalho da imprensa, especialmente por parte de autoridades públicas.

“É assombroso constatar que autoridades públicas utilizam a força do cargo que ocupam para tentar descredibilizar o papel do jornalista”, diz o texto, apontando que a liberdade de imprensa é um princípio constitucional fundamental.

O Sindjor também criticou práticas de assédio, cerceamento e intimidações explícitas ou veladas contra jornalistas no Tocantins. “Respeitar a atividade jornalística é reconhecer que a democracia é o bem maior da sociedade”, afirmou a nota.

Apesar de não citar nenhum caso específico, o posicionamento do sindicato ganha ainda mais relevância diante de episódios recentes, como o discurso da desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO), durante a posse da nova mesa diretora do órgão, na última segunda-feira, 3.

Na ocasião, Etelvina criticou o que chamou de “julgamento antecipado” e ataques à honra de membros do Judiciário, a cobertura jornalística durante a Operação Máximus, deflagrada pela Polícia Federal em 2024. Segundo a magistrada, ela e outros membros da Corte foram expostos de maneira injusta e midiática.

A desembargadora também mencionou o que chamou de “assassinato de reputações”, ressaltando que as acusações repercutiram de forma negativa, mesmo antes de qualquer julgamento ou defesa. “Houve um notório assassinato de reputações que foram paulatinamente construídas ao longo de mais de 30 anos de dedicação ao Judiciário”, disse. Em seu discurso ela comparou a situação ao Coliseu de Roma, “alguns membros, sem qualquer chance de defesa, fomos jogados à arena implacável e insaciável das mídias locais e nacionais, assim como as pessoas eram jogadas aos leões no Coliseu da Roma Antiga.”

Nota do Sindjor na íntegra:

NOTA

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins – Sindjor vem a público manifestar preocupação com episódios constantes de constrangimento sofridos por alguns profissionais de imprensa. É assombroso constatar que autoridades públicas utilizam a força do cargo que ocupam para tentar descredibilizar o papel do jornalista, dando a entender que, sem o exercício da profissão, no que diz respeito à apuração de denúncias feitas por autoridades competentes, a vida seria mais confortável.  

Destacamos que a liberdade de imprensa é um princípio constitucional, fundamental para garantir o Estado Democrático de Direito. Ou seja, defender o trabalho do jornalista profissional é defender a própria democracia, sobretudo nesses tempos em que a desregulamentação da profissão e a falta de regulamentação das redes sociais estão entre as principais causas da disseminação de notícias falsas.

Ultimamente, a imprensa do Tocantins tem sido alvo constante da intolerância de muitos que têm a obrigação ética de defendê-la, o que é assustador e preocupante. Chamamos a sociedade para a seguinte reflexão: a quem interessa o enfraquecimento e o controle do jornalismo?

Na condição de entidade representativa da categoria é nosso dever jogar luz em situações de assédio, cerceamento e embaraços ao trabalho dos jornalistas profissionais tocantinenses que, não raro, estão sofrendo ofensas e intimidações explícitas ou veladas. Em casos mais extremos, além dos ataques à honra, há jornalistas éticos e responsáveis que sofrem penalizações equivocadas e desnecessárias como forma de pressão.

Respeitar a atividade jornalística é reconhecer que a democracia é o bem maior da sociedade e que, por isso mesmo, todos devem defendê-la. O Sindjor não faltará ao seu papel nesta tarefa.

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins

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