A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira, 18, uma operação para investigar um possível esquema de vazamento de decisões judiciais no Tocantins. Dentre os alvos da operação, chama a atenção o nome de Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, que atua como assessor jurídico no Ministério Público do Tocantins (MPTO), lotado no gabinete do procurador de justiça Ricardo Valente, que também está entre os investigados.

Thiago Marcos é sobrinho do governado Wanderlei Barbosa, que não está entre os alvos da investigação. O advogado já foi citado na operação Fammes-19, relacionada ao desvio de recursos públicos da Covid-19 utilizados para o pagamento a empresas contratadas para o fornecimento de cestas básicas.

O ex-prefeito de Almas, pai de Thiago e cunhado de Wanderlei, Goianyr Barbosa, também foi preso no âmbito da operação.

A ação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, resultou no cumprimento de mandados de busca e apreensão na sede do Ministério Público do Tocantins (MPTO), em Palmas, e em outros endereços relacionados aos suspeitos.

A operação

A operação investiga a possível participação de uma rede de advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e até magistrados em um esquema ilícito de negociação de sentenças judiciais.

A investigação teve início em dezembro de 2023, após a descoberta de mensagens em um celular de um advogado falecido em Mato Grosso, que indicavam a negociação de decisões judiciais. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) solicitou o apoio da PF para dar sequência à apuração.

Procurado pelo Jornal Opção Tocantins, o Ministério Público do Tocantins enviou a seguinte nota:

O Ministério Público do Tocantins informa que, até o momento, não teve acesso à decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin, que determinou a operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (18) em desfavor de um procurador de Justiça e de um assessor. Diante disso, a instituição não irá se manifestar neste momento.

A redação entrou em contato com a defesa de Thiago e Goianyr e aguarda um retorno. A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins informou que o advogado T está licenciado da OABTO por força de incompatibilidade prevista em lei desde junho de 2020.

Confira posicionamento do governador Wanderlei Barbosa sobre o caso:

Nota à imprensa

A defesa do Governador Wanderlei Barbosa esclarece que desde o dia 15 de abril de 2024 ele foi formalmente habilitado no inquérito da FAMES-19 junto com seus advogados, tendo, desde então, acesso regular ao processo por meio dos trâmites legais.

Dessa forma, não houve qualquer recebimento de informação privilegiada um vez que a conversa mencionada na investigação da Operação Sisamnes, encontrada no WhatsApp dos suspeitos, data de 28 de junho de 2024, quase três meses desde que a defesa do governador já possuía acesso integral ao processo.

Reforçamos que o Governador Wanderlei Barbosa não é alvo da investigação e nem foi citado no processo. Eventuais desdobramentos são de exclusiva responsabilidade dos investigados, não cabendo qualquer tentativa de vinculação ao governador por atos individuais de terceiros.

Destacamos ainda que Thiago Barbosa e Goianyr Barbosa, citados na investigação, não possuem qualquer vínculo com o Governo do Tocantins. Thiago era assessor do Ministério Público Estadual (MPE), e seu pai, Goianyr Barbosa, não ocupa cargo na administração estadual.

A defesa reitera sua confiança nas instituições e no devido processo legal, assegurando o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa.

Palmas, 18 de março de 2025.

Equipe Técnica de Defesa do Governador Wanderlei Barbosa