João Soares da Rocha, suspeito de liderar um esquema que utilizava aviões e até um submarino improvisado para o tráfico de drogas, foi transferido para Palmas na tarde deste domingo, 24, e foi encaminhado à Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP). Ele havia sido preso no último dia 21 pela Polícia Federal (PF) em uma casa em obras na cidade de Ponta Porã (MS), fronteira com o Paraguai. As informações são da TV Anhanguera e do g1 Tocantins.

Investigado pela Operação Flack, ele estava foragido desde 2020, quando conseguiu liberdade no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Ele foi transportado para o aeroporto de Palmas em um voo da Polícia Federal e levado pela PF com grande escolta policial.

Durante a prisão, Rocha usava documentos falsos e estava disfarçado com boné, óculos e bigode. Ele afirmou à polícia que vivia em dois endereços, um no Paraguai e outro em Ponta Porã.

Na operação, foram apreendidos três rifles, pistolas, munições, alvos de tiro tático, dólares e celulares. Rocha estava na lista de procurados da Interpol, com dois mandados de prisão em aberto, um no Tocantins e outro em Goiás, por suspeita de tráfico internacional e de ser o mandante do assassinato de um advogado e policial federal aposentado, namorado de sua ex-mulher.

Operação Flack

João Soares da Rocha é um empresário com propriedades extensas, incluindo fazendas, aviões, postos de combustíveis e até mesmo um hangar. De acordo com a Polícia Federal, o grupo liderado por ele utilizava pistas de pouso em Palmas e Porto Nacional como pontos de apoio para o tráfico de drogas.
As investigações sobre o grupo começaram em 2018, após a apreensão de uma aeronave com 300 quilos de cocaína em Formoso do Araguaia. João Soares Rocha, apontado como o chefe da quadrilha, foi o principal alvo das investigações.

Durante o curso da investigação, a polícia descobriu que o grupo adquiria e modificava aeronaves para transportar drogas dentro e fora do Brasil. As rotas de transporte envolviam países produtores como Colômbia e Bolívia, países intermediários como Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala, e países receptores como Brasil, Estados Unidos e União Europeia. Pistas no Tocantins também eram utilizadas pelo grupo.

Em 2018, as autoridades encontraram um tipo de submarino improvisado no Suriname, capaz de transportar entre 6 e 7 toneladas de drogas, possivelmente destinadas à Europa e África.
No ano seguinte, o grupo foi alvo de uma grande operação da Polícia Federal, resultando em 28 prisões e na apreensão de 11 aeronaves. Durante a Operação Flak, deflagrada em fevereiro de 2019, constatou-se que João Soares chegou a transportar nove toneladas de cocaína. Naquela ocasião, 47 aviões associados ao seu grupo foram confiscados.

Em setembro de 2023, quando já estava foragido, a polícia realizou uma segunda fase da operação com o objetivo de desmantelar financeiramente o grupo criminoso. Nesse período, a Justiça Federal do Tocantins bloqueou milhões de reais em bens pertencentes ao suspeito. Sua defesa nega todas as acusações.