Tocantins lidera na circulação viária e arborização no norte, mas falha em transporte e acessibilidade

17 abril 2025 às 17h15

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados do Censo Demográfico 2022 sobre as condições urbanísticas do entorno dos domicílios. O Tocantins se destacou em indicadores como circulação viária e arborização, mas apresentou deficiências importantes em infraestrutura para transporte público e acessibilidade.
O Tocantins foi uma das unidades da federação com maior proporção de moradores vivendo em vias com capacidade para circulação de ônibus ou caminhões. O índice alcançou 98%, um dos melhores do país, empatado com o Mato Grosso do Sul e acima da média nacional, de 90,8%. Na concentração urbana de Palmas, a proporção foi ainda maior: 98,6%.
Esse tipo de via é fundamental para garantir mobilidade de pessoas, acesso a serviços públicos e o desenvolvimento econômico local.
84,5% vivem em ruas pavimentadas
A pavimentação das vias também apresenta bons índices no estado. Segundo o Censo, 1,04 milhão de tocantinenses (84,5%) vivem em ruas pavimentadas. Já os que residem em vias não pavimentadas somam pouco mais de 190 mil pessoas (15,4%).
A iluminação pública está presente em 97,9% dos domicílios no Tocantins, sendo Filadélfia a única cidade abaixo de 80%, com 78,5% da população coberta.
Já a arborização urbana é um dos grandes destaques do estado: 79,1% dos tocantinenses vivem em áreas com ao menos uma árvore no entorno, o melhor desempenho da Região Norte. O estado também lidera na proporção de moradores com cinco ou mais árvores próximas (36,2%). Palmas foi a terceira capital mais arborizada do Brasil, com 88,7% da população vivendo em áreas com árvores — atrás apenas de Campo Grande (91,4%) e Goiânia (89,6%).
Transporte público tem menor cobertura do país
Apesar do bom desempenho na circulação viária, o Tocantins tem o pior índice nacional de acesso a pontos de ônibus ou vans: apenas 1,6% dos moradores vivem próximos a esse tipo de estrutura. O dado preocupa, principalmente em áreas com alta dependência de transporte público.
A baixa presença de vias sinalizadas para bicicletas também chama atenção. Só 0,6% da população vive em locais com ciclovias, ciclorrotas, ciclofaixas ou calçadas compartilhadas, enquanto a média nacional foi de 1,9%.
Calçadas existem, mas com muitos obstáculos
Mais de 84,7% da população no estado vivem em locais com calçadas ou passeios, índice ligeiramente superior à média nacional (84%). No entanto, a qualidade dessas estruturas é baixa: apenas 11,8% dos moradores têm acesso a calçadas sem obstáculos como buracos, desníveis ou rampas irregulares.
Acessibilidade urbana ainda é um desafio
Um dos dados mais preocupantes do levantamento é o da acessibilidade para cadeirantes. Apenas 13,3% da população tocantinense vivem em áreas com rampas apropriadas no entorno do domicílio. Isso significa que mais de 70% dos moradores estão em áreas sem infraestrutura adequada para pessoas com mobilidade reduzida.
Drenagem urbana é uma das piores do país
A presença de bueiros ou bocas de lobo, importantes para o escoamento da água da chuva e prevenção de alagamentos, ainda é muito limitada no estado. Em 2022, apenas 21,8% dos tocantinenses moravam em locais com esse tipo de infraestrutura, contra 11,6% em 2010. Mesmo com a melhora, o Tocantins continua com o pior índice da Região Norte e o quarto mais baixo do Brasil.