A venda da concessão dos 20 aeroportos atualmente operados pela CCR, incluindo o Aeroporto de Palmas, no Tocantins, ganhará novos desdobramentos nas próximas semanas. O período para os interessados apresentarem suas propostas começará no final deste mês de abril. O valor estimado para o negócio varia de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões, conforme fontes do setor. Na primeira fase do processo, dedicada à avaliação dos ativos, pelo menos 12 operadoras e fundos, tanto locais quanto internacionais, analisaram as concessões.

A CCR administra 17 aeroportos no Brasil e três no exterior, entre eles o de Curaçao, e colocou todos esses terminais à venda. Entre as empresas que demonstraram interesse nos ativos estão grandes nomes europeus como Fraport, Zurich, Vinci e Aena. Também do continente americano, destacam-se os mexicanos do Grupo Aeroportuario del Pacífico (GAP), Asur e OMA, assim como os argentinos da Corporación América Airports, além de fundos de infraestrutura, que podem optar por adquirir os ativos individualmente ou em parceria com algum operador.

Os aeroportos da CCR registram, em conjunto, uma receita líquida anual de R$ 4,3 bilhões e um Ebitda de R$ 1,4 bilhão (resultado operacional), sendo que mais da metade desse montante é proveniente de aeroportos internacionais. Uma das fontes que avaliou os ativos destacou que, embora o conjunto de aeroportos seja grande, inclui terminais de menor porte. Por essa razão, embora a intenção inicial seja vender o portfólio completo, é possível que a venda seja feita de forma segmentada, com a separação dos terminais no Brasil e no exterior, ou ainda a divisão em blocos de aeroportos. O processo de venda está sendo coordenado pelos bancos Lazard e Itaú BBA.

Aeroporto de Palmas

O Aeroporto de Palmas, por sua vez, tem apresentado um crescimento contínuo na movimentação de passageiros. Em 2023, o terminal recebeu mais de 700 mil passageiros, o que representou um aumento superior a 14% em relação ao ano anterior, estabelecendo um novo recorde histórico. Além disso, o aeroporto se destaca como um dos poucos no Brasil que superou os números registrados no período pré-pandemia, com um crescimento de 22% em comparação a 2019.

Em 2024, o aeroporto já registrou aproximadamente 723 mil passageiros, entre embarques e desembarques, o que representa um aumento de cerca de 3% em relação ao ano anterior, de acordo com a CCR Aeroportos. Recentemente, a concessionária finalizou um investimento de R$ 36 milhões em melhorias no Aeroporto de Palmas, com o objetivo de modernizar suas instalações e atrair novas rotas. A expectativa é que, com as melhorias, o número de passageiros continue a crescer em 2025. Para isso, a CCR mantém conversações constantes com as companhias aéreas, com foco no fortalecimento da demanda e no aproveitamento do potencial econômico e turístico da região.

No que diz respeito aos operadores internacionais, algumas empresas já atuam no Brasil, como a alemã Fraport, que administra os aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza, a espanhola Aena, responsável pelo Aeroporto de Congonhas, e a suíça Zurich, que gerencia os terminais de Florianópolis e Natal. O Grupo Aeroportuario del Pacífico (GAP), do México, sempre demonstrou interesse em ingressar no mercado brasileiro, e esta venda pode representar uma oportunidade de entrada no país, segundo um interlocutor do setor.

Entretanto, ao contrário de outras concessões, como rodovias e mobilidade urbana, o mercado aeroportuário é considerado mais desafiador, com uma previsão de crescimento da demanda de passageiros mais difícil de prever, como já evidenciam algumas das concessões em andamento. No total, os aeroportos da CCR movimentam cerca de 43 milhões de passageiros por ano.

Por enquanto, os interessados nos ativos assinaram acordos de confidencialidade (NDA) e estão dedicados à avaliação detalhada dos números. A expectativa é que as propostas não vinculantes sejam entregues entre o final de abril e o início de maio. A CCR tem se pronunciado publicamente sobre sua intenção de vender ativos, que incluem tanto os aeroportos como participações nos negócios de mobilidade urbana. Entre os sócios da companhia estão a Itaúsa, o grupo Votorantim, a Mover (ex-Camargo Corrêa) e o grupo Soares Penido. A CCR, por sua vez, não se pronunciou sobre o processo de venda.

A CCR Aeroportos é uma divisão do Grupo CCR que opera 20 aeroportos em quatro países. No Brasil, administra os aeroportos de Curitiba, Bacacheri, Londrina e Foz do Iguaçu (PR); BH Airport e Pampulha (MG); Goiânia (GO); São Luís e Imperatriz (MA); Navegantes e Joinville (SC); Teresina (PI); Palmas (TO); Petrolina (PE); Pelotas, Uruguaiana e Bagé (RS). No exterior, opera os aeroportos de Juan Santamaria (Costa Rica), Quito (Equador) e Curaçao (Antilhas Holandesas). Em todas essas operações, a CCR Aeroportos movimenta aproximadamente 43 milhões de passageiros anualmente.