Campanhas eleitorais perdem força com escândalos de corrupção no Tocantins
26 agosto 2024 às 14h39
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As campanhas eleitorais para as prefeituras e casas legislativas do Tocantins perderam força devido aos escândalos de corrupção que o Estado tem sofrido desde a semana passada. Na mira da Polícia Federal está o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), um dos mais requisitados pelos postulantes para subir em palanques e corroborar candidaturas dos maiores até os menores municípios. Sem contar a imensa lista de magistrados investigados e até afastados, servidores públicos no alvo, filho de desembargador e advogado presos, por suspeita de venda de sentenças. O governador também não escapou dessa lista.
Wanderlei Barbosa, um dos mais populares governadores do país, é suspeito, de acordo com a Polícia Federal (PF), de fazer parte de um esquema que desviava dinheiro público, junto com seus filhos, primeira-dama e servidores do primeiro escalão. O recurso financeiro, que desapareceu das contas do Estado, seria utilizado para comprar cestas básicas para a população vulnerável, durante a pandemia da Covid-19. Cestas que deixaram de chegar na mesa de centenas de tocantinenses. O gestor estadual negou envolvimento no esquema corrupto e disse que só foi arrolado no processo por ter participado de um consórcio “entre amigos”. Wanderlei Barbosa recebeu R$ 5 mil em sua conta de um dos donos das empresas que vendiam as cestas básicas de papel.
Caso o governador Wanderlei Barbosa seja condenado pelos possíveis crimes (e a PF assegura que há fortes indícios de materialização), mais uma vez o Tocantins viverá o auge da instabilidade política que fragiliza o Estado há cerca de 20 anos: não ter um governador que termine o mandato, por ser afastado por estar envolvido em casos de desvio de dinheiro público federal ou estadual.
Na segunda-feira, 26, há outra operação da PF em curso, desta vez para apurar ainda mais corrupção da gestão do ex-governador Mauro Carlesse, que, há pouco tempo, foi afastado do cargo por outros motivos. “O Tocantins não é para amadores” — é o que se ouve nas ruas. A corrupção se tornou sistêmica, como já dizia uma das principais fontes do Jornal Opção Tocantins.
A população se vê desobrigada a prestar atenção nas propostas de candidatos a prefeito e vereador e foca nos últimos acontecimentos. Pode ocorrer de alguém que estiver em dúvida votar no que estiver à frente nas pesquisas só para “não perder o voto”, sem nem chegar a analisar direito a vida pregressa do candidato e suas propostas. Corre o risco de estar extremamente desavisado e alheio às eleições que poderá votar no primeiro “santinho” que aparecer, pois não se deu conta de focar a atenção para isso, por estar distraído com a instabilidade política e jurídica que o governo do Estado e o Judiciário têm trazido mais uma vez ao tocantinense.
O eleitor tocantinense precisa de paz e cabeça leve para fazer melhores escolhas. O excesso e a frequência da corrupção cansam as pessoas, que trabalham e são obrigadas a viver com suas rendas mensais. Trabalhadores e empresários estão cansados com o sistema corrupto operado, de maneira mafiosa — daí a continuidade dos problemas —, que arranca recursos públicos que deveriam ser aplicados na construção de escolas, hospitais, pontes, rodovias. Os eleitores precisam ficar atentos ao votar daqui a 40 dias. Precisa examinar a história de todos os candidatos antes de escolher os seus.
O tocantinense, dessa forma, precisa estar com um “olho no peixe e outro no gato”. Precisa destinar ainda mais atenção às suas escolhas. Precisa acordar para o que é bom para a população como um todo e não apenas para si. Precisa entender que, quando o dinheiro público deixa de ser destinado de maneira correta, pode faltar recurso para comprar até curativos aos hospitais. Quem sabe, dessa forma, a realidade poderá ser mudada e, quem sabe, o Tocantins poderá se livrar um pouco da sombra de corrupção que o persegue desde antes de ser criado.
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