Jornalismo é compromisso – e ética não é opcional

10 abril 2025 às 15h52

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Desde antes de pensar em fazer jornalismo, ouvia dizer que “jornalista é quem faz jornalismo.” Mas o que é, de fato, fazer jornalismo? É apenas informar? É correr para ser o primeiro a dar a notícia? É alimentar cliques e engajamento? Não. Jornalismo, na essência, é compromisso. E esse compromisso começa pela ética.
Ética no jornalismo não é um acessório — é o alicerce. É o que separa a informação da manipulação, o interesse público do sensacionalismo. O jornalista ético não está a serviço de governos, empresas ou ideologias. Está a serviço da sociedade. É quem apura com rigor, ouve todos os lados, resiste à tentação de distorcer fatos por manchetes chamativas ou por likes em redes sociais.
Vivemos uma era em que o excesso de informação convive perigosamente com a desinformação. Notícias falsas ganham força, muitas vezes impulsionadas por quem deveria combatê-las. Nesse cenário, o jornalismo ético é mais necessário do que nunca. Não se trata apenas de “ser correto” — trata-se de sustentar a confiança pública em um ofício que, sem credibilidade, simplesmente não se justifica.
A frase de William Randolph Hearst ilustra bem esse espírito combativo: “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade.” É preciso coragem para fazer jornalismo de verdade. Coragem para enfrentar pressões, interesses, ameaças — e seguir firmando um pacto com o leitor: o de que a verdade importa.
Recentemente, ao celebrarmos o Dia do Jornalista, muito se falou sobre inteligência artificial e o futuro da profissão. Haverá espaço para jornalistas diante de tantas máquinas escrevendo textos? Sim, haverá. Porque o que define o jornalismo não é apenas a escrita, mas a escuta. É a responsabilidade diante da informação. E isso, nenhuma IA pode replicar com a profundidade humana necessária. O jornalista que souber usar a IA com consciência ética será mais forte, não substituível.
Ser jornalista é, acima de tudo, escolher a integridade como método. É desconfiar quando todos aplaudem. É investigar mesmo quando ninguém quer saber. É escrever com o peso de saber que palavras constroem narrativas — e que narrativas constroem realidades.
O jornalismo ético é, hoje, um ato de resistência. E quem o pratica segue sendo essencial para qualquer sociedade que ainda deseje ser livre.