Wiston Gomes é natural de Araguatins, região do Bico do Papagaio. Elegeu-se deputado estadual com 10.704 votos, defendendo as bandeiras do servidor público e do produtor rural. Formou-se técnico agropecuário e em Gestão Ambiental, ingressando no serviço público em 1999, quando se tornou fiscal agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins (Adapec-TO). Na condição de servidor público, fundou e presidiu o Sindicato e a Associação dos Servidores da Defesa Agropecuária (Sindagro/AFA), liderando lutas em prol dos direitos da categoria.

A região do Bico do Papagaio, Araguatins e região, sofreu por muito tempo, quando o Tocantins ainda era uma parte de Goiás. Mesmo após a divisão, continuou a ser desassistida por algum tempo pelos governantes. Sua eleição trouxe uma nova perspectiva, em que pese já existirem representantes por lá no parlamento, como Bonifácio, Fabion, Amélio Cayres e, até mesmo o Rocha Miranda por um determinado tempo. A sua ascenção ao cargo de deputado criou uma certa expectativa, mas o que o Sr. acha que ainda precisa melhorar? Quais são as ações que você tem levado para aquela região?

Sou filho da cidade de Araguatins, cresci na nossa região. O Bico do Papagaio não é um problema, mas na verdade, uma a solução, pois temos uma região rica, com terras boas e muita água. Temos dois rios magníficos, o  Araguaia e o Tocantins, que fazem a região ser muito boa para exploração turística. Sempre ficou distante do investimento de vários governos anteriores, contudo, o governador Wanderlei Barbosa tem dado uma atenção especial para a região do Bico do Papagaio, tem Estado presente, não apenas fisicamente, mas também com ações de governo. Hoje, vemos que as estradas, que por muito tempo necessitaram de recuperação, recebendo atenção especial deste governo, que tem se dedicado bastante à questão das estradas, que são um grande gargalo. Precisamos muito delas para escoar qualquer tipo de produção, seja pecuária, agrícola ou comercial. E lá não é diferente. O Bico do Papagaio requer isso.

A expectativa dos cidadãos da região norte, do Bico do Papagaio especificamente, é que seja olhado com mais carinho, o crescimento e desenvolvimento de projetos. Minha função foi e será sempre destacar a importância da nossa região para que seja vista pelo seu potencial de investimentos, logístico e turístico, que é imenso. Nossa região tem um grande potencial na qualidade da terra para plantio de lavouras e pecuária. É o momento de olhar para o Bico do Papagaio de forma diferente, porque temos uma boa parte da população concentrada em um pequeno espaço, o que facilita o trabalho e atendimento do poder público.

Além disso, as distâncias entre as cidades são pequenas, o que facilita para o poder público centralizar os serviços, garantindo que o cidadão receba a devida atenção. Nosso governador tem essa sensibilidade e tem mostrado que olha para o Bico do Papagaio de forma diferente. Sempre trazemos essas demandas, servindo como ligação entre o executivo, legislativo e a população que está na ponta.

Deputado Wiston Gomes durante sessão ordinária | Foto: Abmael Milhomem

O governo tem oferecido incentivos para instalação de novos empreendimentos?

Sim, esses incentivos fiscais para empresas grandes, concretizam o sonho de toda a região. Uma fábrica dessa gera empregos e renda e, com certeza, se converte em serviços ao cidadão lá do município, lá na minha querida Araguatins. O governo do Estado trabalhou e de forma muito eficiente, através do secretário de indústria e comércio, Beto Lima. Conseguiram concretizar um projeto da instalação da empresa de colchões Gazim, que já está gerando vários empregos com uma instalação da fábrica e que, no futuro, vai gerar muito mais emprego quando ela tiver em pleno funcionamento.

Veja: nos municípios que ele não empresas de grande porte como essa, várias pessoas estão lá, batendo na porta do poder público, pedindo um emprego, pedindo uma cesta básica. Um empreendimento desse porte gera empregos e renda para essas famílias, que vão deixar de depender diretamente do poder público e vai ter a dignidade merecida.

Portanto, quero parabenizar o governador Wanderlei Barbosa, juntamente com o secretário Beto Lima, por todos os esforços que foram feitos para que  a empresa se instalasse em Araguatins.

O Tocantins experimenta um grande desenvolvimento da agropecuária, contudo, muitas vezes há conflitos com a gestão do meio ambiente. Na condição de servidor concursado da Adapec, como também, pelo fato de ter presidido o Sindagro, qual a sua percepção a respeito desse tema?

É necessário falar do potencial do nosso Estado no que se refere produção de grãos. Temos vários produtores, empresas investindo nos confinamentos e isso enriquece o Estado, cria fronteiras importantes para a nossa economia. do nosso Estado. Mas o fato é nós também precisamos nos conscientizar sobre a preservação ambiental. O nosso governador tem essa ideia e isso tem sido trabalhado, através de reuniões e palestras, como houve na última Agrotins. Mas nós precisamos destravar aqui na Assembleia o Código Florestal do Tocantins. Precisamos fazer essa atualizção, votar e aprovar o novo texto. Dessa forma, teremos a certeza de quem faz o quê, o que que é, como também, de quem é a responsabilidade. Porque o produtor, seja  da pecuária, seja da agricultura, está meio que desnorteado, sem saber como agir. Eles querem fazer investimentos altos, mas ele tem insegurança quando se trata de desmatamento, quando se trata da segurança do plantio, porque tem toda uma documentação necessária exigida.

A gente sabe do potencial econômico do nosso Estado: agricultura e pecuária. Não há como fugir disso. Por isso, temos que defender leis que protejam o meio ambiente, garanta o seu percentual, mas que também consigam dar ao produtor a garantia e a segurança que ele precisa para plantar ou para criar. Sabendo que ele está respeitando o meio ambiente, mas sabendo também que não vai ter nenhum problema lá na frente.

Seria interessante que o Sr. também abordasse sobre o Projeto de Lei dos jogos de azar, de sua autoria. Qual é o objetivo e de que forma o Sr. justificou a interposição do projeto?

A gente tem assistido, ao longo dos últimos meses, que esses jogos cresceram muito. Essas plataformas tem trazido danos às famílias. A gente tem observado nas mídias sociais, em vários momentos, famílias sendo desfeitas por causa desses jogos, por causa dessas plataformas e dessas apostas. Se torna algo viciante num curto espaço de tempo, onde até mesmo várias vidas estão sendo ceifadas, em razão do desespero de ter perdido todo os recursos em poucos momentos ou poucas horas.

Isso leva várias pessoas ao desespero, inclusive, até mesmo a cometer suicídio. Isso é preocupante. Por isso, apresentei requerimento para que esses jogos sejam regulados, para que haja uma fiscalização e conhecimento do poder público, visando regular e controlar isso e para que as famílias não paguem por isso.

Não é uma supressão de instância ou vício de iniciativa, uma vez que esse  tema está correlato e afeto ao Congresso Nacional? Não entra em choque com a competência da união?

Nós temos que tomar providências, não podemos ficar totalmente dependente de lá. Claro que há um efeito cascata. Lógico que nós vamos obedecer o que vier de lá, mas aqui, enquanto não sai nada, enquanto não se decide o que que vai ser interposto por lá, nós temos que ter legislação própria, até a chegada do que vai ser definitivo para todo país.

Precisamos tratar com urgência essa pauta, porque ela é sensível e atinge diretamente as famílias. O problema dessas plataformas é que elas atinge as pessoas de várias idades, desde crianças, adolescentes e até idosos. Então,  elas são viciantes e tem feito muito mal às famílias.

Inobstante a isso, também tem a questão da falta de arrecadação de impostos, porque essas empresas estão estabelecidas fora do Brasil, o que faz com que o governo brasileiro não arrecade nada desses valores que estão sendo apostados…

Positivo. Ninguém arrecada, pois é uma transação financeira que está sendo feita e nada está ficando no município, no Estado e, às vezes, nem mesmo no país.

Foto: Abmael Milhomem

Essa pergunta é da nossa equipe de jornalismo, porque eles acharam muito interessante a proposta sobre a questão da educação financeira nas escolas, na condição de uma disciplina, para que os jovens possam ser educados a não se tornarem perdulários. De onde surgiu a ideia e porque o Sr. resolveu encampá-la?

Ao longo dos anos, fui sendo educado financeiramente pelas necessidades da vida e, por isso, fui obrigado a me organizar. Com essas “pancadas”, percebemos que houvesse ocorrido uma base dentro da escola que desse esse suporte e ensinamento inicial, possivelmente seria mais fácil. Então, a ideia de apresentar essa proposta é para trazer, para dentro das escolas e para esses adolescentes, esse conhecimentos mínimos de planilhas, do que se ganha, do que se gasta e o quê pode ser comprometido. Qual o percentual que se deve colocar como reserva e fazer compromissos financeiros sempre pensando nos valores que podem ser cumpridos. O objetivo, portanto, é criar mecanismos para que nossos jovens tenham equilíbrio financeiro, seja na sua vida pessoal, seja na sua vida familiar e social.

Esse projeto está em trâmite aqui em qual estágio? Tá na comissão ainda?

Não, já foi aprovado por unanimidade e sancionado. Foi publicado no Diário Nº 6571 do dia 15/05/2024. A implantação, por parte da Secretaria de Educação, certamente mudará a realidade desses adolescentes. É um projeto que beneficia os cidadãos. Ele não atinge só a educação, mas também a família, porque a partir do momento que um aluno estiver ali com esse conhecimento, então pode ajudar, até mesmo, os pais a controlarem os gastos. É possível por em prática rapidamente e isso vai ser um reflexo positivo na vida de todos eles.

Vamos falar de política. Por quais razões o Sr. resolveu se tornar parlamentar?

Não tenho cultura política familiar, porque a maioria vem daí. Minha família é tradicional na cidade, mas sem envolvimento político. Mas quando eu cheguei na capital há muitos anos, senti a necessidade, porque tudo aqui era política, tudo dependia diretamente da política. À medida que fui trabalhando como servidor de carreira da Adapec, sentimos ainda mais a necessidade de estar presente, de estar próximo, porque na política é que ocorrem as  decisões. 

Em 2018, com o apoio da categoria de servidores públicos, obtive 6.300 votos para deputado estadual. Houve uma boa votação na região do bico do papagaio. Fui votado em 135 munícipios dentre os 139 existentes. Passamos mais quatro anos nos organizando, com o mesmo projeto, aperfeiçoando detalhes. Uma derrota eleitoral também é experiência. Fizemos um grande trabalho na minha cidade, Araguatins, conscientizando as pessoas que a gente precisava ter um deputado que representasse a cidade e, também, no meu trabalho, a Adapec. Então, com essas duas bases, conseguimos chegar em 2022 com mais de dez mil votos que nos garantiram uma cadeira na Assembleia.

E com relação a carreira de servidor público, quais as pautas que o Sr. considera como relevantes e que estão inclusas na sua plataforma?

Vários benefícios, além de salários, a própria progressão desses benefícios, a database, entre outros. Governos anteriores vinham negligenciando esses pagamentos. Já o Governador Wanderlei criou planilha, parcelamentos e conseguiu colocar boa parte em dia. Há uma vontade do governo.

Por isso, defendo pautas de categorias específicas, que trabalham nas áreas técnicas, a gente tem buscado junto ao Governo do Estado, criar benefício para essas categorias que destravam o Estado. É o caso do Naturatins, Intertins e Ruraltins. Esses são órgãos que trabalham diretamente com produtores, com empresários, que melhoram e aceleram os processos para investimentos no Estado, gerando economia, renda, empregos, enriquecendo o Estado. Precisamos desses servidores trabalhando com qualidade e vontade de trabalhar, recebimento de benefícios em dia.

Outra área que temos defendido é o produtor rural. Sou produtor, sou filho de produtor, trabalho com eles, sou formado na área. Eu sou gestor ambiental e técnico agropecuário também. É uma área que a gente consegue falar dela, mas não só de ouvir falar, mas de estar presente.

E essa frente parlamentar de agricultura aqui na Assembleia, qual é a percpeção?

Faço parte da Frente Parlamentar que, também, foi um compromisso de campanha. O deputado Gutierres Torquato acabou assumindo a presidência, mas a gente tem feito várias reuniões em defesa dos interesses da classe, equilibrando com os interessse do Estado.

Logicamente o Sr. se preocupa com o futuro da sua cidade. Portanto, vamos falar de eleição municipal. Interessante, porque a maioria dos deputados querem voltar para as suas cidades para serem prefeitos, mas o Sr. ao que parece, quer cumprir o seu mandato. Mas daqui a cinco meses serão as eleições. Como você está se posicionado?

Eu sempre sonhei em ser deputado e trabalhei arduamente pra isso, sempre com muito equilíbrio. Deus me abençoou, me deu a oportunidade de chegar aqui. E para chegar aqui, eu fiz compromissos com a minha categoria e, também, com a minha cidade a região do Bico do Papagaio.

Conscientizei os servidores públicos do nosso grupo. A gente precisava de um representante e eles acreditaram. Fizeram esse investimento e lá na nossa cidade e região, da mesma forma. Araguatins é a sexta maior cidade do Estado, a maior do Bico do Papagaio e tem potencial para mais deputados estaduais.

Sou do tipo de pessoa que gosta de cumprir meus compromissos. E nesse momento, eu quero cumprir esse. Outro ponto importante que tem que ser destacado: nunca tive projeto de ser prefeito. Não é meu momento, ainda. Vamos trabalhar, continuar como deputado e, no momento certo, se acontecer e for um chamamento da sociedade, vou refletir sobre o tema. Se for caso, colocarei meu nome à disposição. Neste momento, vamos reunir com os grupos que existem na nossa cidade, que querem abraçá-la e defender a cidade. Vamos construir uma base sólida para disputar as eleições, agora em outubro.

Não está definido nada ainda sobre o seu apoio?

Não está definido ainda o candidato, mas haverá candidato de oposição, com meu apoio. É preciso dar ao nosso cidadão, ao eleitor do município, a opção de escolha. Vamos ter candidato oposicionista que, em breve, será  apresentado para a sociedade.

Muito obrigado pela entrevista e disponilidade…

Eu agradeço a gentileza e a oportunidade de expor minhas ideias e falar sobre o meu mandato.