Em meio a uma das secas mais severas dos últimos anos, o diretor de Recursos Hídricos do Tocantins da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Aldo Azevedo,  alertou para os impactos que a estiagem prolongada está causando no estado. Em entrevista exclusiva para o Jornal Opção Tocantins, ele falou sobre como a falta de chuvas tem afetado o abastecimento de água, a agricultura irrigada e até mesmo o ambiente natural, como os peixes na Ilha do Bananal. A situação já resultou na suspensão de irrigação de projetos agrícolas. No entanto, ele se disse tranquilo quanto à geração de energia. Segundo ele, as Usinas Hidrelétricas (UHE) do Estado têm conseguido se manter estáveis, em partes, pela regulação feita pelo Lago Serra da Mesa. 

De acordo com o diretor, a seca tem tido impacto direto no maior projeto de irrigação do Estado, que abrange mais de 80 mil hectares na Bacia do Rio Formoso e na região de Lagoa da Confusão. “A irrigação foi suspensa desde 20 de agosto porque o nível dos rios baixou para um nível crítico. Nós temos um sistema de monitoramento com um alerta que quando o rio chega num nível crítico, nós chamamos lá do sistema semafórico, ele fica na faixa vermelha, então é desligado e são suspensas todas as irrigações daquela daquela região”, explicou Aldo. Apesar disso, ele disse que, felizmente, quando o rio atingiu a “faixa vermelha” já estava no fim da safra, por isso não houve grande impacto na lavoura.

 Geração de energia elétrica sob controle

Já com relação à energia elétrica, o diretor destacou que, apesar da seca severa, na maioria dos estados ter afetado a geração de energia, no Tocantins esse reflexo não foi tão sentido por causa do Lago Serra da Mesa, que desempenha um papel importante na regulação da vazão dos rios da região: 

“O Lago de Serra da Mesa armazenou uma grande quantidade de água durante o período chuvoso e, mesmo agora, está com mais de 60% de sua capacidade, liberando água para regularizar a vazão das hidrelétricas que estão abaixo, como as da Bacia do Rio Tocantins”, explicou. “Por isso, não temos sentido tanto o reflexo da crise hídrica no setor de geração de energia, ao contrário de outras partes do país”, esclareceu o diretor. 

Abastecimento de água em alerta

A respeito do abastecimento de água, segundo o diretor, algumas regiões do estado já estão enfrentando dificuldades, especialmente no sul e sudeste do Tocantins: “os pequenos rios, como o Santa Tereza, estão com níveis muito baixos, o que tem afetado a captação de água”, afirmou. 

Ele alertou que a situação pode se agravar nos próximos meses. “A previsão é que as chuvas só comecem a se firmar a partir da segunda quinzena de outubro, então ainda temos mais de um mês de seca pela frente”, disse, acrescentando que a região norte e o sudeste do estado já estão experimentando problemas com o abastecimento de água.