Maioria da população quilombola do Tocantins mora em cidades, é jovem e enfrenta dificuldades de saneamento, diz Censo 2022

12 maio 2025 às 17h11

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Dados do Censo Demográfico de 2022, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxeram detalhes sobre a população quilombola do Tocantins, estimada em 13.077 pessoas. A pesquisa apresenta informações sobre características individuais e domiciliares dessa população, com recorte para as zonas urbana e rural.
A maior parte dos quilombolas no estado residia em áreas urbanas, com 66,1% (8.645 pessoas). Na zona rural estavam 33,9% (4.432 pessoas). Em âmbito nacional, a proporção se inverteu: dos 1,3 milhão de quilombolas brasileiros, 61,7% viviam em zonas rurais e 38,3% em áreas urbanas.
A distribuição por sexo mostrou equilíbrio no Tocantins. Entre os quilombolas, 6.662 (50,9%) eram homens e 6.415 (49,1%) mulheres. Em regiões rurais do estado, a diferença foi mais evidente, com 2.406 homens e 2.026 mulheres.
Em relação à faixa etária, a população quilombola tocantinense apresentou um perfil jovem. A maior proporção foi de pessoas entre 15 e 19 anos (10,1%), seguida por faixas de 10 a 14 anos (8,94%) e 5 a 9 anos (8,40%). Somando a população entre 0 e 24 anos, o total representava 43,0% dos quilombolas do estado. Já os idosos com mais de 60 anos correspondiam a 14,2% da população.
A idade mediana foi de 29 anos, abaixo da média nacional de 31 anos. O índice de envelhecimento da população com 60 anos ou mais foi de 56,99, enquanto no Brasil o número foi de 54,98.
Sobre a taxa de alfabetização, 83,4% das pessoas quilombolas com 15 anos ou mais sabiam ler e escrever um bilhete simples, somando 8.193 pessoas de um total de 9.822 nessa faixa etária. Em territórios quilombolas, 72,5% (723 de 997) eram alfabetizados e 27,5% (274) não eram. Fora desses territórios, 84,6% (7.470 de 8.825) estavam alfabetizados, enquanto 15,4% (1.355) não sabiam ler nem escrever.
A coleta também perguntou sobre o registro de nascimento de crianças de até cinco anos. No estado, 1.172 crianças quilombolas estavam registradas, o que representa 99,1%. Apenas seis não tinham registro civil e, em quatro casos, o informante declarou não saber sobre a existência do documento. Nenhuma dessas crianças residia em território quilombola.
A média de moradores em domicílios com ao menos uma pessoa quilombola foi de 3,22 no estado. Em territórios quilombolas, a média era de 3,31, e fora deles, 3,21. Quando considerados apenas os moradores quilombolas nesses domicílios, a média geral era de 2,73 pessoas, sendo 3,18 em territórios e 2,68 fora deles.
Em relação ao esgotamento sanitário, 13,1% dos domicílios com moradores quilombolas tinham acesso considerado adequado, como rede geral, pluvial ou fossa séptica/filtro. A maioria, 86,9%, utilizava fossa rudimentar, buraco, vala, corpo hídrico, ou não dispunha de banheiro ou sanitário. Na zona rural, o percentual sem acesso adequado era de 93,9%.
Quanto ao abastecimento de água, 54,8% dos domicílios com moradores quilombolas dispunham de água encanada até o interior da casa, por rede geral, poço ou mina. Os demais 45,2% utilizavam fontes como poço ou mina sem encanamento até a casa, carro-pipa, água da chuva, rios, açudes, entre outros.
Sobre a destinação do lixo, 73,8% dos domicílios quilombolas contavam com coleta por serviço público ou caçamba. Nos territórios quilombolas, 53,8% do lixo era descartado de formas como queima, enterro no terreno, descarte em área pública ou outras alternativas.
O estado contabilizou 4.791 unidades domésticas com ao menos uma pessoa quilombola. Apenas quatro desses domicílios eram particulares improvisados. Das pessoas responsáveis pelos domicílios, 86,7% (4.149) eram quilombolas e 13,3% (638) não eram.
Em 61,1% das unidades, havia responsável e cônjuge de sexo diferente. Casais do mesmo sexo foram registrados em seis domicílios (0,12%). Já 1.859 unidades (38,8%) não apresentavam presença de cônjuge.
Quanto à composição familiar, a maioria dos domicílios (29,9%, ou 1.435) era formada por responsável, cônjuge e filhos de ambos. Outros tipos de arranjos representaram 21,3%. Domicílios com responsável e cônjuge sem filhos eram 18,8%; os formados por responsável sem cônjuge, com filhos e/ou enteados, somavam 17,7%; e aqueles com responsável e cônjuge, com pelo menos um filho de apenas um dos dois, representavam 12,3%.
Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram informados 97 óbitos em domicílios com presença quilombola no estado. A maior parte das mortes foi de pessoas com 60 anos ou mais (65,9%) e de homens (57 registros). Também houve mortes entre crianças de 0 a 4 anos (3,09%).