O recente nascimento de oito patinhos-mergulhões na região do Rio Novo, no Jalapão, trouxe esperança para pesquisadores e parceiros do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), uma vez que a espécie se encontra ameaçada de extinção. Embora já tenha sido detectado o desaparecimento de dois dos filhotes, o órgão luta para que os remanescentes sobrevivam e sejam capazes de continuar a conservação de sua espécie. 

Além do Jalapão, patos-mergulhões também podem ser encontrados nas regiões da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, na Serra da Canastra e no Alto Parnaíba, ambos em Minas Gerais. É uma espécie difícil de se observar devido a sua personalidade arisca e intolerante à presença humana, e tem como habitat natural regiões com águas cristalinas e com corredeiras, onde sua presença é um indicativo de boa qualidade do ambiente.

O Naturatins desenvolve ações em prol da preservação dessa espécie desde o ano de 2007, realizando avaliações de atividades turísticas e práticas esportivas, como o rafting, e se elas afetam ou não a conservação destes animais. A partir destas informações iniciais, a entidade se reuniu com especialistas que trabalham o plano de ação nacional, mapeando número de indivíduos, ninhos descobertos, teste com ninhos artificiais, manejo de ninhos  naturais para locais mais seguros, entre outras medidas. 

Atualmente, o Naturatins conta com parcerias com o Campus da cidade de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a Fundação Pró-Natureza (Funatura), com apoio do Fundo Mohamed Bin Zayed de Espécies Ameaçadas dos Emirados Árabes Unidos, da Reserva Conservacionista Piracema, de Almas, e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), através do escritório local em Porto Alegre do Tocantins, com o objetivo principal de formar novos pesquisadores em áreas como o da ornitologia, e estabelecer novas estratégias de conservação dos animais. 

Em entrevista ao Jornal Opção Tocantins, o biólogo e inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, Marcelo Barbosa, disse que o nascimento desses patinhos representa um respiro para a luta pela sobrevivência da espécie, que registra atualmente menos de 200 indivíduos na natureza.  

“Nós trabalhamos para que eles sobrevivam. Esses primeiros dias são primordiais na sobrevivência. O Naturatins tem desde 2010 uma portaria que rege o controle na atividade de rafting, esporte radical aquático que consiste na prática de descida em corredeiras utilizando botes infláveis, no Rio Novo, para impedir que essa atividade seja realizada em determinado tempo, justamente agora, entre agosto e setembro, para que esses patinhos possam ter um fôlego maior de desenvolvimento e chegar a fase adulta, e de alguma maneira tentar se dispersar e buscar outros ambientes para formarem casais e se reproduzirem”, explica o biólogo.

Além do rafting, outros fatores de interferência humana contribuem para a atual situação do pato-mergulhão, que se encontra ameaçado, como poluição, despejo de resíduos e agrotóxicos. O fator mais agravante é a instalação de barreiras e usinas hidrelétricas, que interrompem o fluxo natural do rio, uma vez que a espécie não consegue sobreviver em água parada. Os pesquisadores seguem acompanhando a família de patinhos, observando o comportamento e as interações dos pais com os filhotes nas semanas iniciais. Uma nova equipe assumirá as observações até setembro, quando será feito um novo censo ao longo do Rio Novo.