Uma decisão judicial autorizou uma operação da Polícia Civil em diversas secretarias do governo do Estado do Tocantins, nesta quinta-feira, 17, que investiga a Federação de Motocross do Estado do Tocantins (FMT) por supostas irregularidades na captação e distribuição de recursos públicos. A investigação foca em possíveis crimes contra a administração pública, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Maurício da Silva Limeira, presidente da FMT, e seu irmão, Davi da Silva Limeira, estão citados na decisão. De acordo com as investigações, o presidente da Federação firmou centenas de convênios com o Estado entre 2016 e 2024, através da Secretaria de Educação, Juventude e Esportes, que totalizaram valores expressivos, alcançando R$ 11.442.500,00 entre 2022 e 2024. A magnitude desse montante é considerada incompatível com a infraestrutura da sede da Federação. A decisão também destaca que a FMT teria sido utilizada para captar e distribuir recursos públicos de forma ilícita por meio de Termos de Colaboração, e que propostas de cobertura da pessoa jurídica SOM NOVA GERAÇÃO E TRIO BRASIL ao Instituto Cultural Amigos da Música (ICAM) foram assinadas por Davi da Silva Limeira.

A operação inclui investigações em empresas de eventos, associações e institutos sem fins lucrativos. Na manhã de quinta-feira (17), foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas sedes das Secretarias de Estado da Cultura, do Turismo e dos Esportes e Juventude, além de outros locais em Palmas, Paraíso, Aparecida do Rio Negro e Goiânia (GO), com apoio da Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR). A Justiça também determinou a indisponibilidade dos bens dos investigados, no valor de R$ 5.123.687,70.

ICAM

Em relação à operação, o ICAM declarou que aguardava mais informações antes de se manifestar, afirmando: “Vamos entender para poder responder.” O advogado de Maurício da Silva Limeira, Welinelton Ribeiro, comentou que ainda não teve acesso ao inquérito policial, mas, com base nas informações preliminares, as investigações estariam centradas em contratos do ICAM, que não teriam relação com Maurício ou com a FMT.

A Secretaria Estadual da Comunicação informou que a investigação abrange o período de 2015 a 2019, correspondente a gestões anteriores. A Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes e Juventude afirmou que está colaborando com as investigações e cumprirá as determinações judiciais de suspensão de contratos e pagamentos com as empresas envolvidas.

Os ex-governadores Mauro Carlesse e Marcelo Miranda, que estavam no cargo durante o período investigado, também se pronunciaram. Marcelo Miranda afirmou que sempre buscou transparência nas ações do governo e que está tranquilo em relação à apuração, colocando-se à disposição para esclarecimentos. A defesa de Mauro Carlesse declarou que ele aguarda uma investigação ampla, que esclareça os gastos com eventos e mostre quem, durante o período de 2011 a 2024, teria se beneficiado indevidamente dos recursos públicos.

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