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Artigo de Opinião
Redes sociais: estamos mais juntos ou mais sozinhos?

No ritmo acelerado da vida moderna, é comum que os pequenos momentos do dia a dia sejam deixados de lado por muitas pessoas

Artigo de Opinião
Agrotins: evolução do agro ou destruição do cerrado?

Professores de Ciências Sociais realizam aula de campo na Agrotins e aplicam técnica de observação participante para analisar criticamente a maior feira do agronegócio da região Norte

Desatino de uma mente inquieta

Por Ives Marcelo Pinheiro Gonçalves

A não lucidez, como uma experiência da mente e da interioridade, teima em me acompanhar; alguns me julgam por isso, dizem: um boêmio dado a muito vinho, que procura desculpas para cometer infrações. De verdade, quisera eu que de fato estivessem certos; não que me agradaria desse meu comportamento, mas, ao menos, aproveitaria o momento.

Essa inquietação mental parece como as ondas revoltas do mar, que podem até se acalmar, mas nunca, nunca cessam! Ou será que melhor dizer como um dia com fortes tempestades, com raios e trovões, quedas de árvores, alagamentos, escuridão? No dia seguinte um silêncio ensurdecedor ao amanhecer e, por volta do mais depois, máquinas, caminhões, buzinas e muito falatório de homens na rua tentando amenizar o estrago que já fora feito.

Um dia tranquilo de paz que te deixa inquieto, achando que algo de ruim vai acontecer a qualquer momento, com você ou com um dos seus, o que é ainda pior. O dia passa, e você esperando uma notícia ruim, que não se concretiza; mas, ao final, você está esgotado, e a tal notícia ruim não veio – ah, graças a Deus!

À noite, ao deitar-se, novamente um silêncio que te incomoda, o som da geladeira trabalhando intensamente, grilos e corujas cantarolando - tudo isso e, apenas isso, é o suficiente para afugentar o sono.

Os conselhos daqueles que te amam é: relaxa, isso vai passar! Você apenas está fatigado de tanto trabalhar; tira umas férias e tudo ficará bem. Mal sabem eles que isso não vai passar – oh, pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que dizem! Não sabem que você está transbordando o excesso de tudo que sempre se acumulou e, como um balde que nunca, mas nunca mesmo, jamais, se secará: continuará a transbordar.

Continuam eles: procure ajuda profissional, vá ao psiquiatra e, também ao psicólogo, mas tem que ser um psicólogo comportamental. Como os agradeço por tais conselhos! Mas o que eles não sabem é que já convivo com isso desde a infância, como se fosse algo genético, que eu trouxe comigo ao nascer. Terá sido desde sempre?

E sim, só agora entendo que aquilo que atribuía a uma timidez crônica, nada mais era do que inquietação introspectiva, com a qual teria que lutar por toda a vida. Se tenho momento de alegria na vida? Sim, muitos, mas são como as chuvas do caju em meio as longas estiagens, porque a inquietação teima em aparecer quando estou desprevenido, sem ao menos avisar. E nesse momento prefiro a solidão, do que a mais agradável companhia - por isso lhe peço perdão, porque o problema não é você, como companhia, mas minha alma desassossegada pouco receptiva a inter-relações.

Engraçado, parece-me um contrassenso este comportamento, pois sou amante, desde sempre, das relações humanas, inclusive grande apreciador da comunicação humana; mas, de fato, sempre gostei também de ser um observador das conversas alheias, talvez com a intenção de entender o comportamento humano e, suas inquietudes.

Nunca fui atrevido ao ponto de ser protagonista de alguma conversa, de seduzir para a conversa gratuita, fortuita, ou apresentação pomposa de trabalhos, pouco importa se barroco ou rococó linguageiro. Sempre gostei de estar nos bastidores; com isso talvez tenha perdido os bondes de oportunidades que se reservam aos aventureiros.

Será que a palavra que não vai, então ressentida, ressequida, se vinga cá por desatino? Atormenta a alma e espezinha a mente? Enquanto escrevo, não é lá fora a calmaria, é aqui, olha, aqui dentro!

Ives Marcelo Pinheiro Gonçalves é fonoaudiólogo e escritor. Mestre em Ensino em Ciências e Saúde. Autor de Sobreviventes, que em breve está disponível na Amazon.

Artigo de Opinião
Entre a receita e o poder: a disputa pelo saber na saúde

Por Thiago Barbosa Soares

Um dos saberes mais valorizados nas sociedades ocidentais é o saber médico. Não apenas por curar males do corpo e até da mente, também, em inúmeros casos, por fazer da vida mais suportável, quando não, por trazer maior simetria estética à compleição física de quem a deseja. Uma das profissões mais valorizadas que, mediante remuneração relativa à carga horária trabalhada e esforço despendido, concorre, no imaginário coletivo, para determinar como se pode estar mais saudável, viver mais e melhor por meio de medicamentos, procedimentos cirúrgicos e aconselhamentos especializados. Segundo essa perspectiva, o saber médico confere a quem o detém poderes quase divinos somente comparados, do ponto de vista do funcionamento do circuito coletivo, aos de um juiz, uma vez que versa sobre a vida e como essa pode operar. Todo questionamento acerca dos dizeres médicos, conforme o próprio saber médico, é um tipo de “afronta” a quem realmente possui o saber científico.

Diante desse cenário segundo o qual o discurso médico enquadra-se como um reflexo das desigualdades de saber-poder, este artigo discute a notícia “Nova norma permite que farmacêuticos prescrevam medicamentos, incluindo os controlados; entenda” (Carvalho, 2025), publicada em 20 de março de 2025, pelo portal virtual Jornal Opção Tocantins, procurando revelar como conflitos de interesses profissionais são mediados por estruturas de saber-poder e estratégias de legitimação, uma vez que, como destacam Foucault (2004) e Bourdieu (2007), o discurso médico-farmacêutico não é neutro: é um campo de batalha onde se disputa quem tem o direito de dizer sobre o corpo, a doença e a cura.

Uma breve discussão

Sob a ótica da governamentalidade (Foucault, 2008), a resolução articula uma estratégia de descentralização sanitária típica das racionalidades neoliberais (Rose, 1999), nas quais o Estado transfere responsabilidades para atores não médicos, visando otimizar recursos e ampliar o acesso a medicamentos. No entanto, essa aparente democratização esbarra em mecanismos de controle sutis: o RQE, embora habilite farmacêuticos, mantém a regulação estatal sobre quem pode prescrever, reinscrevendo a lógica disciplinar sob novas roupagens. A norma não rompe com a governamentalidade, mas a reconfigura, expandindo o campo de atuação farmacêutica sob vigilância institucional. Aqui, a biopolítica opera em duplo movimento: ao mesmo tempo que fragmenta o monopólio médico, produz novos corpos dóceis, farmacêuticos especializados, cuja autoridade depende de certificações técnicas. Essa ambiguidade expõe o paradoxo do neoliberalismo: a descentralização é sempre acompanhada de recentralização via regulação.

Ao ampliar as atribuições farmacêuticas por meio de mecanismos como o Registro de Qualificação de Especialista (RQE), a resolução desestabiliza a formação discursiva biomédica hegemônica, historicamente centrada no monopólio médico sobre o diagnóstico e a prescrição. Essa contranarrativa, ancorada em termos como “Farmácia Clínica” e “especialização", opera como um ritual de veridicção (Foucault, 2010), isto é, do dizer realmente verdadeiro, redefinindo quem detém autoridade para intervir no corpo biológico. Contudo, a resistência das entidades médicas, que mobilizam enunciados como incapacidade de diagnóstico, evidencia a violência epistêmica inerente a disputas por jurisdição profissional, nas quais a manutenção de regimes de verdade (Foucault, 2012) depende da exclusão de saberes e poderes concorrentes. A norma, desse modo, transcende a esfera técnica, tornando-se um artefato político que reescreve as regras do jogo discursivo, questionando quem pode enunciar verdades sobre a vida e sob quais critérios.

Considerações finais

A judicialização da norma, exemplificada pela invalidação da resolução de 2013, ilustra a contingência histórica da formação discursiva biomédica e a centralidade do judiciário como instância arbitral do verdadeiro. Ao decidir sobre a legitimidade de enunciados concorrentes (autorização vs. incapacidade), o sistema jurídico materializa a governamentalidade em ação, reforçando alianças entre saber médico e poder estatal.

Essa dinâmica expõe como o direito performatiza hierarquias disciplinares, reafirmando a medicina como ciência soberana da vida (Foucault, 2004), ao mesmo tempo que revela a fragilidade de fronteiras profissionais outrora tidas como imutáveis. Nesse horizonte, a resolução do CFF, ao tensionar essas estruturas, demonstra que as formações discursivas não são estáticas, mas produtos de lutas materiais e simbólicas, nas quais a biopolítica (Foucault, 2008b) atua como tecnologia de regulação da governamentalidade, incluindo e excluindo agentes conforme estratégias de controle.

Portanto, como foi visto, a norma insere-se em uma racionalidade neoliberal (Rose, 1999), que descentraliza responsabilidades sanitárias sob o discurso da eficiência, mas mantém mecanismos de vigilância, como o RQE, reinscrevendo a lógica disciplinar em novas roupagens. Essa aparente democratização do acesso a medicamentos esbarra no paradoxo neoliberal: a descentralização é acompanhada de recentralização regulatória, produzindo corpos dóceis (Foucault, 2014) cuja autoridade depende de certificações técnicas. Assim, a resolução não rompe com a governamentalidade, mas a reconfigura, expandindo o campo farmacêutico sob tutela institucional. Sob a ótica discutida aqui, o caso evidencia que disputas por saber-poder não se limitam a conflitos profissionais, mas redefinem os próprios critérios de legitimidade que organizam a vida coletiva, reafirmando que, na economia do poder, até mesmo uma vírgula pode ser um campo no qual se decide o destino de vidas.

REFERÊNCIAS

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.

CARVALHO. Júlia. Nova norma permite que farmacêuticos prescrevam medicamentos,

incluindo os controlados; entenda. Jornal Opção, Tocantins, 2025. Disponível em:

prescrevam-medicamentos-incluindo-os-controlados-entenda-555271/. Acesso em: 17

abr. 2025.

FOUCAULT, Michel. O nascimento da clínica. Tradução de Roberto Machado. 6. ed.

Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica - Curso dado no College de France

(1978-1979). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FOUCAULT, Michel. O governo de si e dos outros - Curso no Collège de France (1982-

1983). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 8.

ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel

Ramalhete. 42 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

ROSE, Nikolas. Powers of Freedom: Reframing Political Thought. Cambridge:

Cambridge University Press, 1999.

Artigo de Opinião
Maré alta: Vitória

Filme de Andrucha Waddington com Fernanda Montenegro mostra o poder de uma mulher comum contra o crime em comunidade do Rio

Artigo de Opinião
Sobre a leitura contemporânea: Um Breve Percurso

A transformação dos hábitos de leitura frente às mudanças digitais e seus impactos na formação do sujeito contemporâneo

Artigo de opinião
Lula prepara um pacote de bondade que pode ser uma bomba para o Brasil

Um clamor pela austeridade fiscal

Artigo de Opinião
Uma infeliz polarização

Nosso país tem problemas políticos, econômicos e sociais gigantescos. E isso já vem há muito tempo, infelizmente

Artigo de Opinião
“Tu te prepara que aqui a bala pega”: prefeito de Colinas escancara o que homens pensam sobre mulheres que se impõem

O recente episódio envolvendo o prefeito de Colinas do Tocantins, Josemar Carlos Casarin (UB), e a vereadora Naiara Miranda (MDB) escancara uma realidade antiga, mas ainda presente: quando uma mulher se impõe, a resposta costuma vir na forma de ameaça e intimidação. Ao declarar-se independente na Câmara, Naiara Miranda exerceu um direito político fundamental. No entanto, a reação do prefeito mostrou que, para alguns, mulheres não podem ocupar espaços de decisão sem serem subjugadas ou vistas como uma ameaça.

A frase "Tu te prepara que aqui a bala pega", dita por Casarin, não é apenas um desabafo caloroso no meio de um debate político. Ela carrega um peso simbólico enorme: a tentativa de calar uma mulher por meio do medo. Não é coincidência que, historicamente, tantas mulheres sejam desencorajadas a entrar na política ou a se posicionar de forma autônoma. Quando o fazem, são tratadas como insolentes, rebeldes ou, como no caso de Naiara, como inimigas.

O fato de a vereadora ter ficado abalada ao ponto de chorar também reflete o peso dessa violência simbólica. Políticos trocam farpas o tempo todo, mas a diferença aqui está no tom e no contexto. Uma mulher que ousa romper com a cartilha da subserviência ainda precisa se preparar para resistir a ataques argumentativos e sempre a investidas que buscam desestabilizá-la emocionalmente.

Felizmente, o caso gerou reação. Alguns políticos manifestaram apoio à vereadora, demonstrando que a sociedade não tolera mais esse tipo de postura. No entanto, é curioso notar que, até o momento, não há pedidos formais de investigação ou punição para o prefeito. A solidariedade é necessária, mas de pouco adianta se não for acompanhada de ações concretas.

Este caso é um reflexo do que acontece não só na política, mas em diversos espaços da sociedade. Mulheres que se impõem no trabalho, na família ou em qualquer ambiente de poder frequentemente enfrentam retaliações. Seja através de ameaças explícitas, como no caso de Casarin, ou de formas mais sutis, como o descrédito e a desqualificação, a mensagem subjacente é sempre a mesma: "volte para o seu lugar".

Mas o que esse caso também nos ensina é que o medo não pode nos silenciar. Cada vez que uma mulher se recusa a se calar, cada vez que recebe apoio e continua sua luta, a estrutura machista e autoritária se fragiliza um pouco mais. O caminho ainda é longo, mas episódios como esse mostram que as mulheres não estão sozinhas. E que, mesmo com medo, é preciso falar.

Artigo de Opinião
A Literatura Brasileira Tocantinense

Dr. Antônio Egno do Carmo Gomes (UFT)

Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, parte do território do norte de Goiás foi desmembrado, formando-se a 27ª. Unidade da Federação, o Estado do Tocantins. Todavia, para se delimitar o que chamamos de “Tocantins” e assim compreender adequadamente a literatura produzida nessa localidade, é preciso lançar mão sobretudo do critério geográfico-espacial e não meramente do administrativo-temporal, pois este restringiria muito e não faria justiça à longa história dos povos e culturas tocantinenses.

Assim, deve-se, independentemente do período histórico, considerar como tocantinense todas aquelas localidades que antes consituíam o chamado Norte-Goiano e que atualmente compõem oficialmente o território do Tocantins. Considerado esse critério, são tocantinenses os escritores e escritoras que nasceram em cidades ou regiões do que veio  a ser o Tocantins em sua atual configuração territorial. Portanto, as obras literárias desses autores, independentemente do período em que foram produzidas, constituem, desde sempre, a literatura no Tocantins.

Compreende-se, assim, que alguns autores classificados como “goianos” são também, e mais propriamente, tocantinenses. Mesmo tendo produzido e atuado no período anterior à divisão política do território de Goiás, tais autores nasceram, e alguns deles se criaram e outros viveram, nesse espaço que é atemporal mas que desde 88 passou a se nomear como tocantinense. Por isso, ao escrever seus trabalhos eles lançaram mão de vivências e olhares que, ao mesmo tempo, nasciam dessa ambientação e nela se configuravam, como também contribuíram para delinear o espaço simbólico e cultural que caracteriza o Tocantins. É o caso de escritores como o romancista Eli Brasiliense – originário de Porto Nacional-TO, mas considerado escritor goiano – e da poetisa Ana Braga, membro da Academia Goiana de Letras, mas nascida em Peixe-TO. 

Essa complexidade geográfica-temporal faz da cultura tocantinense uma cultura que amalgama duas histórias (uma anterior e outra posterior a 88) e dois espaços, que são, na verdade, duas ambientações que se sobrepõem no mesmo lugar físico: o território que em dado momento histórico passou a ser conhecido como norte-goiano e, posteriormente, passou a ser chamado de tocantinense.

A melhor maneira de lidar com essa configuração é considerar ambas sem abrir mão de nenhuma delas, para não cometer injustiças e amputações simbólicas e culturais que considero traumáticas e irreparáveis. Assim, o tocantinense é, também, goiano (no que se refere ao passado herdado, às formas simbólicas e culturais recebidas, aos temas e estilos literários continuados); assim como boa parte dos autores “goianos” são na verdade tocantinenses.

Todavia, além de [pós] goiano o espaço cultural tocantinense também é [pós] mineiro, pois já foi parte do território da Capitania de Minas Gerais (1720-1821) e, antes desta, da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro (1709-1720)... Um continuum de herança histórico-cultural que retrocede até os séculos XVI e XV, nos conectando com Portugal e com Espanha, em razão do Tratado das Tordesilhas e, por causa da mobilidade deste, também com exploradores franceses e holandeses. Uma genealogia identitária que sempre joga um lance para trás, semelhante àquela que liga o nome do território tocantinense ao rio que o atravessa, o qual recebeu seu nome da tribo perdida que o margeava, a qual por sua vez recebeu seu nome dos tucanos que a deslumbravam e que deslumbravam também os primeiros cronistas do século XVI.

Desse modo, para estabelecer uma convergência, proponho realçar nossa identidade, complexa no tempo e no espaço, como sendo, desde sempre brasileira; pois, independentemente do tempo (pré ou pós-88) e do lugar (capitania, província, comarca, norte-goiano, tocantinense), sempre fomos Brasil. Por isso, uma terminologia que contemplasse nossa identidade cultural e literária seria bem abrigada sob a rubrica de Literatura Brasileira Tocantinense.

Considerando-se, portanto, o critério espacial-temporal (o território e o marco bioitavo), essa Literatura Brasileira Tocantinense tem dois grandes momentos ou configurações: o Período Pré-88 e o Período Pós-88. No interior desses Períodos estão abrigadas suas épocas distintivas, das quais, no passado, a Época Colonial é a mais distante do marco e a Época Norte-Goiana a mais próxima dele. Entre as duas, estão as Épocas Bandeirante, Capitanial e Provincial. No presente, para cá do marco, temos a produção literária contemporânea, a Época Tocantinense.

O que se conclui é que nem a existência nem a identidade da literatura produzida no/para o/considerando o/a partir do Tocantins se restringem a 88. Desde que há território, há o que veio a se chamar Tocantins. Tudo aquilo que pode ser preservado, recuperado e publicado – do que se pensou, vivenciou e expressou nesse espaço, a partir dele, por causa dele, em favor dele, considerando-o – é Literatura Brasileira Tocantinense. Do mesmo modo, são escritores e escritoras tocantinenses todos aqueles que ao longo da história foram ativamente envolvidos nessa produção.

* Este artigo é parte de um estudo mais amplo intitulado de História da Literatura Brasileira Tocantinense.

** Professor de Teoria Literária na Universidade Federal do Tocantins.