O Tocantins foi responsável por 12,3% de toda a área desmatada no Brasil em 2024, conforme o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), divulgado nesta quarta-feira (14) pela iniciativa MapBiomas. O estado ocupa o terceiro lugar no ranking nacional, atrás apenas do Maranhão (17,6%) e do Pará (12,6%).

Embora o país tenha registrado uma redução de 32,4% na área desmatada em relação a 2023, o Cerrado — bioma predominante no Tocantins — liderou as perdas ambientais, concentrando mais de 652 mil hectares de vegetação suprimida. O Tocantins está inserido na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que respondeu sozinha por 42% de toda a perda de vegetação nativa no país e 75% do desmatamento no Cerrado.

Ritmo acelerado de desmatamento no Cerrado

Com uma média de 1.786 hectares desmatados por dia, o Cerrado segue como o bioma mais pressionado do país. Segundo os pesquisadores, a persistência desse ritmo acelerado está relacionada ao avanço da agropecuária e à concentração de autorizações legais para supressão de vegetação. Em 2024, 66% da área desmatada no Cerrado ocorreu com algum tipo de autorização ambiental, enquanto na Amazônia esse índice foi de apenas 14%.

Atuação do Tocantins e transparência

Apesar de o Tocantins estar entre os estados que mais desmataram, o relatório não aponta o estado como um dos que mais dificultaram o acesso à informação, como ocorreu com o Maranhão. O Mapbiomas destacou que a participação dos estados nas ações de controle — como embargos e autuações ambientais — aumentou nos últimos anos, refletindo em parte na redução nacional.

Panorama nacional

No total, o Brasil perdeu 1.242.079 hectares de vegetação nativa em 2024, com 60.983 alertas de desmatamento registrados. A média diária foi de 3.403 hectares, ou 141,8 hectares por hora. O dia 21 de junho foi o mais crítico, com 3.542 hectares desmatados em 24 horas.

Cinco dos seis biomas brasileiros apresentaram queda no desmatamento. O Pantanal liderou a redução (58,6%), seguido pelo Pampa (42,1%), Cerrado (41,2%), Amazônia (16,8%) e Caatinga (13,4%). A única exceção foi a Mata Atlântica, que teve alta de 2%, influenciada por eventos climáticos extremos.

Perspectivas e desafios

Desde 2019, o Brasil já perdeu quase 10 milhões de hectares de vegetação nativa, sendo 67% dentro da Amazônia Legal, que inclui parte do Tocantins. O MapBiomas aponta que a agropecuária é responsável por mais de 97% do desmatamento registrado no país.

Para especialistas, políticas públicas de enfrentamento, maior integração entre entes federativos e o uso dos dados na concessão de crédito rural têm contribuído para a queda do desmatamento. Mas alertam que o avanço sobre o Cerrado, especialmente no Matopiba, exige atenção urgente. O Tocantins, como um dos protagonistas dessa dinâmica, deverá estar no centro desse debate nos próximos anos.