Ao sair da prisão, ex-governador Mauro Carlesse afirma ser inocente e vítima de “perseguição política”

19 fevereiro 2025 às 15h18

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No final da manhã desta quarta-feira, 19, Mauro Carlesse (Agir), ex-governador do Tocantins, deixou a base do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas, após mais de dois meses de prisão preventiva. Carlesse foi detido em dezembro de 2024, suspeito de planejar uma fuga para o exterior, mas obteve sua liberdade graças a uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em uma coletiva de imprensa realizada após sua liberação, Carlesse falou sobre a experiência e as circunstâncias que o levaram à prisão.
“Eu nunca fugi das minhas responsabilidades, meus advogados sempre respondendo, atendendo os pedidos que era necessário em relação àquilo que os juízes mandavam. Fui preso de uma forma que eu fico triste, isso está acontecendo dentro do Estado do Tocantins e nós precisamos de justiça, nós temos que confiar na nossa justiça, no Ministério Público, nos nossos judiciários”, afirmou.
Carlesse afirmou que, durante sua prisão, não conseguiu se defender e sentiu que suas ações não eram respondidas ou decididas. No entanto, reafirmou sua confiança na justiça e na “justiça divina”, destacando que a “maldade e a perseguição política não devem persistir”. “Não conseguia me defender, tudo que eu fazia, não respondia, não dava decisão, mas eu tenho certeza absoluta que ainda confio na justiça e confio na justiça de Deus, porque a maldade ela não pode ser continuidade, principalmente a perseguição política. [Isso] não é nada mais que uma perseguição política”, concluiu.
Investigação
Carlesse é investigado por corrupção, fraudes em licitações e outros crimes. Sua defesa teve o pedido de Habeas Corpus atendido pelo ministro do STJ, Antônio Saldanha Palheiro, que também estendeu os efeitos da decisão ao ex-secretário Claudinei Aparecido Quaresemin, sobrinho de Carlesse e igualmente investigado.
O ministro, ao conceder a liberdade, impôs diversas medidas cautelares, como a obrigatoriedade de comparecimento bimestral em juízo, a proibição de contato com investigados e testemunhas, a proibição de se ausentar da comarca e de ocupar cargos públicos no Tocantins, além da proibição de deixar o país sem autorização judicial.
A prisão de Carlesse aconteceu em 15 de dezembro de 2024, quando ele estava a caminho de uma fazenda na zona rural de São Valério, no momento da operação. A investigação do Gaeco apontou que Carlesse e seu sobrinho teriam arquitetado um plano de fuga para o Uruguai ou Itália. Eles teriam providenciado documentos e um imóvel no exterior, incluindo um aluguel na Itália no valor de 1,5 mil euros.
Desde sua prisão, Carlesse teve vários pedidos de habeas corpus negados pela Justiça. Em sua decisão, a desembargadora Angela Issa Haonat, do TJ-TO, afirmou que a retenção do passaporte não seria suficiente para evitar sua fuga, uma vez que o Uruguai, membro do Mercosul, permite a entrada de brasileiros sem a necessidade de passaporte.
Além dessa investigação, Carlesse responde a outras ações penais. Ele foi governador do Tocantins entre 2018 e 2021, sendo afastado do cargo durante investigações das operações Hygea e Éris, que apuram o pagamento de propinas no plano de saúde dos servidores públicos e o favorecimento de membros da Polícia Civil. Após renunciar ao cargo para evitar o impeachment, as investigações passaram a ser conduzidas pela Justiça estadual.
Em 2024, Carlesse foi alvo de outra operação da Polícia Federal, que apura fraudes em licitações ocorridas em 2018, envolvendo a extinta Secretaria de Infraestrutura do Tocantins. A investigação revelou evidências de um possível plano de fuga, algo que Carlesse nega.
As acusações contra o ex-governador incluem corrupção, lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, falsidade ideológica, obstrução de investigações, organização criminosa e peculato.
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